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Azul perde 48 pilotos em setembro e crise de tripulação se agrava

Companhia aérea vê aumento inesperado de desligamentos, com migração para concorrentes e exterior, ampliando déficit de profissionais

Aeronave da companhia aérea Azul (Foto: Reuters/Adriano Machado)

247 - A Azul Linhas Aéreas enfrenta um agravamento na falta de pilotos, com setembro registrando um número de desligamentos muito acima do esperado. Segundo levantamento divulgado pelo portal especializado AEROIN, a companhia perdeu 48 aviadores apenas no último mês, número que quadruplica a média mensal registrada até então e que preocupa o setor aéreo.

Segundo o portal AEROIN, a Azul vinha perdendo cerca de 14 pilotos por mês, somando 128 desligamentos ao longo do ano. Documentos internos consultados pelo portal indicavam que a expectativa era de mais 36 saídas até dezembro, número que, no entanto, já foi superado com o aumento repentino de setembro. Pediram demissão quatro comandantes do Airbus A330, cinco do Airbus A320, 16 copilotos de A320, dois comandantes do Embraer E195, 10 copilotos do mesmo modelo, dois comandantes e três copilotos do ATR 72-600, além de um comandante e quatro copilotos do Cessna Caravan da Azul Conecta.

Os principais desligamentos concentram-se nos modelos Airbus A320 e Embraer E195, aviões de maior uso na frota da empresa. Parte desses profissionais migrou para concorrentes diretas, como GOL e LATAM, enquanto outros buscaram oportunidades internacionais, incluindo na Etihad Airways, nos Emirados Árabes Unidos.

Entre as principais razões apontadas pelos pilotos estão insatisfação com salários, escalas e a falta de perspectivas de crescimento no curto prazo. Apesar de a diretoria da Azul ter reconhecido em transmissões internas a gravidade da situação, até agora não foram anunciadas medidas concretas para conter a debandada.

Ainda assim, o movimento de saídas tem acelerado promoções entre os pilotos que permaneceram na companhia, especialmente nos Airbus A320 e A330, devido à redução rápida na lista de senioridade. Mesmo com esse efeito colateral, a Azul acumula hoje um déficit estrutural estimado em cerca de 100 pilotos. Apenas a frota de suporte, composta por dois turboélices Pilatus PC-12 que não realizam voos comerciais, segue sem alterações no quadro de tripulantes.