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Ambipar contesta bancos credores e defende manutenção de tutela cautelar na Justiça

Empresa alerta para risco de demissões, perdas tributárias e colapso ambiental caso a medida seja revogada, em disputa com instituições financeiras

Ambipar (Foto: Ambipar)

247 - O Grupo Ambipar, multinacional brasileira de gestão ambiental, apresentou nova manifestação à Justiça do Rio de Janeiro em defesa da tutela cautelar que impede bancos credores de adotar medidas capazes de inviabilizar suas operações. 

Na petição, a Ambipar, representada pelos escritórios Salomão Advogados, Galdino e Basilio, afirma que a revogação da medida, solicitada por algumas instituições financeiras, traria consequências devastadoras para a sociedade brasileira. Entre os riscos listados estão a perda imediata de mais de 23 mil empregos diretos, a interrupção do pagamento de cerca de R$ 500 milhões em tributos anuais e a ruptura de contratos estratégicos de prevenção e resposta a emergências ambientais.

A empresa também alerta que a suspensão da cautelar comprometeria o patrimônio de mais de 12 mil acionistas, dentro e fora do Brasil, além de provocar a liquidação antecipada de dívidas que superam R$ 10 bilhões. Segundo a companhia, a decisão judicial em vigor foi determinante para evitar o colapso de suas atividades, que abrangem 600 bases operacionais em todo o mundo e envolvem projetos de descarbonização, economia circular, transição energética e gestão de crises ambientais.

O documento ainda lembra que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro já confirmou, em decisão monocrática, a manutenção da tutela contra pedido do Deutsche Bank. O relator destacou que não existe risco concreto de dano às instituições financeiras — que registraram lucro líquido superior a R$ 130 bilhões em 2024 —, enquanto os prejuízos para a Ambipar seriam irreparáveis.

A crise, segundo a petição, foi deflagrada por operações financeiras conduzidas pelo então CFO da companhia, João Daniel Piran de Arruda. Ele teria migrado contratos de swap do Bank of America para o Deutsche Bank e firmado aditivos sem aval do Conselho de Administração, alterando garantias e aumentando a exigência de colaterais. Com isso, o Deutsche Bank passou a demandar mais de R$ 200 milhões em garantias adicionais, o que levou a Ambipar a recorrer ao pedido emergencial de tutela. Pouco antes de a situação vir a público, o executivo deixou o cargo.

Na contestação, a empresa também rebate a alegação dos bancos de que a ação deveria tramitar em São Paulo. A Ambipar argumenta que sua principal base operacional está no Rio de Janeiro, onde mantém unidades em Duque de Caxias, no Porto do Açu, na Baía de Guanabara e na Baía de Sepetiba. Assim, rejeita a acusação de “forum shopping” e afirma que os credores agem apenas em defesa de seus interesses, ignorando os efeitos sociais, econômicos e ambientais de uma eventual suspensão da liminar.

A multinacional destaca ainda que a manutenção da medida é “prudente e indispensável” para preservar uma empresa considerada estratégica para o Brasil, tanto pela geração de empregos quanto pelo papel internacional que desempenha no campo da sustentabilidade. Por fim, a Ambipar afirma confiar que a Justiça manterá a tutela cautelar até a apresentação do pedido de recuperação judicial, assegurando a continuidade das atividades, dos contratos ambientais e da sua contribuição para a economia nacional.