Acordo com EFTA é passo decisivo para Brasil e Mercosul, diz Alckmin
Vice-presidente afirma que tratado fortalece inserção internacional e amplia oportunidades para exportadores brasileiros
247 - O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, classificou como “estratégico e decisivo” o acordo de livre comércio firmado entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA). Segundo Alckmin, a iniciativa amplia a presença do Brasil no mercado europeu e abre novas frentes de exportação para os produtores nacionais.
A EFTA reúne Suíça, Noruega, Liechtenstein e Islândia, países com Produto Interno Bruto (PIB) combinado de US$ 1,4 trilhão e população de 15 milhões de habitantes, entre os maiores PIB per capita do mundo. Para o vice-presidente, a parceria vai além da economia, reforçando valores como democracia, direitos humanos e sustentabilidade. “É um passo estratégico e decisivo para a política comercial do Brasil e para o Mercosul. O acordo mostra ao mundo que o Brasil está pronto para competir e cooperar em alto nível”, disse.
Expansão das negociações internacionais
Alckmin ressaltou que o governo também avança em outros tratados, como o Mercosul–União Europeia e Mercosul–Singapura, além de negociações com os Emirados Árabes Unidos, o Canadá e a ampliação de acordos já existentes com México e Índia. Segundo dados de 2024, a conclusão desses processos elevará em 152% a corrente de comércio brasileira sob regimes preferenciais, passando de US$ 73,1 bilhões para US$ 184,5 bilhões.
Principais termos do tratado
O acordo prevê eliminação de 100% das tarifas de importação da EFTA sobre produtos industriais e pesqueiros. Com isso, quase 99% das exportações brasileiras para o bloco terão livre acesso. Do lado brasileiro, 97% do comércio bilateral será liberalizado de forma imediata, mas setores sensíveis manterão salvaguardas. O país também preservou exceções para compras do Sistema Único de Saúde (SUS) e garantiu flexibilidade para utilizar políticas de compras governamentais a favor da indústria nacional.
A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, destacou que o tratado vai ampliar o alcance de diferentes setores da economia. “O acordo ampliará as oportunidades para setores diversos da economia brasileira, do agro à indústria de transformação, reforçando nosso compromisso por um comércio internacional baseado em regras e a busca do governo brasileiro por um país mais integrado, competitivo e preparado para os desafios do futuro”, afirmou.
Impacto econômico e investimentos
Estudos indicam que, até 2044, o tratado poderá adicionar R$ 2,69 bilhões ao PIB nacional, atrair R$ 660 milhões em novos investimentos e elevar em R$ 3,34 bilhões as exportações. Esses ganhos virão principalmente da eliminação integral das tarifas industriais já no início da vigência, além da redução de barreiras técnicas e sanitárias.
O capítulo dedicado a serviços e investimentos também é considerado estratégico. A Suíça ocupa a 11ª posição entre os maiores investidores estrangeiros diretos no Brasil, com estoque de US$ 30,5 bilhões. Já a Noruega é destaque como principal doadora do Fundo Amazônia, com aportes de R$ 3,4 bilhões.
Setores beneficiados
O agronegócio figura entre os maiores beneficiados, com destaque para carnes bovina, suína e de aves, milho, farelo de soja, frutas como banana, melão e uva, além de café torrado, sucos, mel, etanol e fumo não manufaturado. Na indústria, setores como madeira, celulose, pedras ornamentais e produtos semimanufaturados de ferro e aço terão ganhos relevantes.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que os segmentos de alimentos, químicos, máquinas e equipamentos, metalurgia e produtos de metal têm o maior potencial de crescimento, embora cada setor precise ajustar suas estratégias a demandas de preço, logística e mercado.