Sindicato aponta crise financeiro e perda de direitos na greve dos Correios
Marcos Sant’Aguida diz que crise herdada do governo Bolsonaro atinge salários e condições de trabalho
247 - A greve dos trabalhadores dos Correios, iniciada na terça-feira (16), escancarou um cenário de deterioração econômica e de perda de direitos trabalhistas dentro da estatal. A avaliação foi feita por Marcos Sant’Aguida, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato,.
De acordo com o dirigente, os problemas da empresa não são apenas administrativos, mas afetam diretamente o cotidiano e o salário dos funcionários. “A situação dos Correios é conjugada”, afirmou Sant’Aguida, ao explicar que a crise financeira se soma a uma ofensiva contra os direitos da categoria. Segundo ele, existe hoje “esse déficit econômico nos Correios, que chega hoje a 6 milhões de reais”, valor que tem repercussões diretas sobre as relações de trabalho.
A mobilização ganhou ainda mais tensão após uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho. Na sexta-feira (19), a ministra Kátia Magalhães Arruda determinou que, mesmo durante a greve, 80% do efetivo dos Correios continue trabalhando. A liminar, concedida a pedido da empresa, prevê multa diária de R$ 100 mil por sindicato em caso de descumprimento.
Para o presidente do sindicato, a medida prejudica a luta dos trabalhadores por reajuste e condições dignas. “Nosso papel é defender nossa categoria em termos de condições de trabalho e salário, mas a proposta do TST negou, e continua negando, a reposição salarial de julho a dezembro de 2025”, criticou.
Sant’Aguida destacou que a proposta foi amplamente rejeitada pela base. “A maioria esmagadora rejeitou” a decisão do TST, disse, porque a correção dos salários pela inflação é vista como um direito consolidado. “Inclusive com jurisprudência dentro do próprio tribunal de que todos trabalhadores do Brasil têm o direito de atualização pela inflação no seu salário”, lembrou.
Segundo ele, a reivindicação dos trabalhadores não ultrapassa o que está previsto na legislação. “Nossa reivindicação está ancorada nesse direito de receber o que está previsto em lei e que todos os trabalhadores do Brasil recebem”, reforçou.
O sindicalista também relacionou o atual quadro financeiro dos Correios à gestão anterior. Para Sant’Aguida, houve falta de transparência no governo passado. “O ministro Fernando Haddad só veio a descobrir a situação atual dos Correios durante o governo Lula. Isso significa que o anterior [Jair Bolsonaro] estava omitindo”, declarou.
A paralisação ocorre após anos de enfraquecimento da estatal, especialmente durante o governo Bolsonaro, quando houve tentativas de privatização e redução de investimentos. Agora, em meio à busca por recuperação fiscal, os trabalhadores se organizam para barrar novos retrocessos e defender o papel dos Correios como serviço público.
Nesse sentido, a greve não se limita ao debate salarial, mas também expressa a resistência contra o desmonte da empresa e a defesa de sua reestruturação e fortalecimento para atender a população.
O Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 9h e às 17h, na frequência 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea pelo YouTube do Brasil de Fato.



