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PF apura desvio milionário em hospitais de SP e RS

Investigação mira contratos, licitações e uso irregular de recursos públicos em duas cidades

PF apura desvio milionário em hospitais de SP e RS (Foto: Polícia Federal)

247 - A Polícia Federal apura um suposto esquema milionário de desvio de recursos públicos destinados a hospitais municipais nas cidades de Jaguari, no Rio Grande do Sul, e de Embu das Artes, na Grande São Paulo. O inquérito também investiga possíveis fraudes em processos licitatórios ligados à gestão dessas unidades de saúde, que receberam volumes expressivos de verbas federais e estaduais nos últimos anos.

Segundo a Polícia Federal, um grupo de empresários com sede em Porto Alegre teria assumido a administração dos hospitais municipais nas duas cidades, responsáveis por receber mais de R$ 340 milhões em recursos públicos entre 2022 e agosto de 2025.

De acordo com a investigação, em novembro deste ano, a Justiça autorizou o bloqueio de R$ 22,5 milhões em contas bancárias, além da apreensão de imóveis e outros bens vinculados aos investigados. No mesmo período, a Polícia Federal deflagrou uma operação para aprofundar a coleta de provas e o rastreamento da movimentação financeira.

Os investigadores apontam indícios do uso de empresas de fachada para a emissão de notas fiscais, com o objetivo de ocultar o real destino do dinheiro público. Ainda segundo a corporação, os valores teriam circulado por dezenas de contas de pessoas físicas e jurídicas sem vínculo com os serviços contratados, incluindo desvios feitos diretamente em contas-convênio mantidas pelos hospitais.

A Polícia Federal afirma que parte dos recursos desviados teria sido utilizada para despesas pessoais, como pagamento de aluguéis de imóveis de alto padrão, viagens de luxo e compra de bens particulares. As prefeituras de Jaguari e Embu das Artes foram procuradas por email e telefone desde segunda-feira (22), mas não se manifestaram até a publicação da reportagem.

Um dos alvos do inquérito é a Campi, entidade responsável pelo acolhimento de 93 adultos com deficiência intelectual no Rio Grande do Sul. A empresa é suspeita de envolvimento em uma fraude em licitação de R$ 26 milhões do governo estadual, conforme reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo.

Relatório da Polícia Federal indica que os investigados teriam tido acesso a informações privilegiadas durante um pregão eletrônico realizado na Fundação de Proteção Especial (FPE), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul. Procurada, a pasta informou à Folha que a Campi é fiscalizada mensalmente pelas equipes técnicas da FPE e que, até o momento, não foram constatadas irregularidades.

A secretaria declarou ainda que o termo de referência que embasou a contratação foi elaborado por um grupo de trabalho formado por diversos órgãos, em discussões realizadas entre 2018 e 2023, e que a fundação não recebeu notificações formais dos órgãos de investigação. Em nota, a Central de Licitações do Estado (Celic) afirmou: "Toda e qualquer conduta que tenha por objetivo frustrar o caráter competitivo de processos licitatórios deve ser rigorosamente apurada pelos órgãos competentes, e a Celic se coloca à disposição para ajudar nesse processo".

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