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‘Não podemos perdoar quem tentou derrubar a democracia’, afirma Capelli

O ex-interventor no Distrito Federal durante o 8 de janeiro critica a ideia de anistia e destaca atuação decisiva da Polícia Militar

‘Não podemos perdoar quem tentou derrubar a democracia’, afirma Capelli (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | REUTERS/Antonio Cascio | REUTERS/Joe Skipper)

247 - O jornalista e escritor Ricardo Cappelli, ex-interventor federal no Distrito Federal e atual presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), foi o entrevistado do programa Forças do Brasil deste sábado (6), na TV 247. Ele resgatou os acontecimentos do 8 de janeiro de 2023 e a possibilidade de anistia para os envolvidos e ainda detalhou o contexto da intervenção federal, a atuação das forças de segurança e os riscos de impunidade.

“Não podemos perdoar quem tentou derrubar a democracia”, afirmou Cappelli, destacando que a tentativa de golpe representou um ataque direto ao Estado Democrático de Direito. “A atuação das forças federais garantiu que o caos não se espalhasse, protegendo instituições e cidadãos”, acrescentou.

Cappelli explicou que, à época, foi nomeado interventor federal após uma decisão emergencial do presidente Lula, diante do desaparecimento do governador do DF e da ausência do comando da segurança local. “No final da tarde, por volta das 18 horas, o caos já estava instaurado. O governador estava inacessível, o secretário de Segurança havia viajado, e alguém precisava assumir imediatamente o comando da situação”, relatou.

Segundo ele, a intervenção exigiu decisões rápidas e estratégicas. “Recebi a orientação de assumir o controle da situação, esvaziar a Esplanada e prender o maior número possível de criminosos”, disse Cappelli. Ele detalhou que precisou afastar comandantes da Polícia Militar e reposicionar a hierarquia para estabilizar a situação: “Alguns elementos precisavam ser separados para preservar a instituição. O objetivo era apagar o incêndio, não gerar mais instabilidade.”

Sobre a atuação das Forças Armadas, Cappelli esclareceu que não havia apoio ao golpe dentro do alto comando, embora tenha existido tolerância em relação aos acampamentos montados por simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não acredito que o alto comando estivesse apoiando qualquer conspiração golpista. Havia elementos individuais, mas o comando como um todo manteve a legalidade”, afirmou.

O escritor também comentou sobre a natureza dos ataques e o envolvimento de militares e paramilitares entre os manifestantes. “A Polícia Militar do Distrito Federal contabilizou 44 feridos em combate. Entre os manifestantes, havia homens treinados, com conhecimento de tática de combate. Não se tratou de um passeio no parque”, disse Cappelli. Ele enfatizou que a sequência de ataques fazia parte de um processo mais amplo de desestabilização da democracia, iniciado ainda durante o governo Bolsonaro.


Sem anistia

Ao abordar a questão da anistia, Cappelli foi enfático: “Permitir anistia seria uma mensagem clara de que a democracia pode ser negociada, e isso não podemos aceitar. Qualquer tentativa de impunidade enfraquece a história e os limites constitucionais do Brasil.”

O lançamento do livro 8 de Janeiro: o Brasil que não viu, de Cappelli, está marcado para o dia 11 de setembro, na Livraria da Vila, no Shopping Cidade São Paulo, às 18h30. Na obra, o ex-interventor reúne relatos históricos e detalhes sobre a gestão de crise durante aqueles dias decisivos, trazendo também uma perspectiva pessoal de sua experiência à frente da intervenção.

“Escrevi este livro para deixar um registro histórico. A história do Brasil tem golpes e tentativas de golpes que nunca foram julgados. Desta vez, o Supremo Tribunal Federal coloca no banco dos réus civis e militares envolvidos com uma tentativa de golpe. É um julgamento histórico, que estabelece limites claros para a democracia brasileira”, concluiu Cappelli.

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