Moraes relata série de ações de Bolsonaro e aliados antes da prisão domiciliar
Decisão do ministro do STF cita chamadas de vídeo, postagens e falas de filhos do ex-presidente como tentativa de coagir a Corte e obstruir a Justiça
247 - A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que colocou Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar na segunda-feira (4), descreve uma sequência de episódios ocorridos nas 30 horas anteriores à medida, envolvendo o próprio ex-presidente, seus filhos e aliados políticos. As informações foram divulgadas pela Folha de S.Paulo e mostram que Moraes entendeu essas ações como violações às restrições impostas em 18 de julho.
Segundo o magistrado, durante esse período Bolsonaro participou de videochamadas transmitidas em atos de rua, enviou mensagens a apoiadores e teve sua imagem projetada por parlamentares em manifestações. Além disso, publicações nas redes sociais feitas por seus filhos foram interpretadas como tentativas deliberadas de intimidar o STF e interferir no andamento de processos, especialmente os relacionados ao 8 de Janeiro.
Os eventos começaram no sábado (2), em Marabá (PA), quando Michelle Bolsonaro, em encontro do PL Mulher, emocionou-se ao ouvir apoiadores e disse que o marido “gostaria de poder entrar no telão” do evento. Embora esse momento não tenha sido citado diretamente na decisão, ele antecipou o formato de participação por chamada de vídeo que, no dia seguinte, estaria no centro das ações questionadas por Moraes. Michelle, no entanto, recusou-se a ir à avenida Paulista e manteve a agenda no Pará.
No domingo (3), a série de aparições começou às 11h06, em Belo Horizonte, com Eduardo Bolsonaro (PL-SP) surgindo em um telão, falando dos Estados Unidos. Ele afirmou que, se estivesse no Brasil, “já estaria preso” e agradeceu aos manifestantes pelo apoio internacional à sua causa. Pouco depois, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) exibiu uma chamada de vídeo com Bolsonaro ao público, dizendo que o ex-presidente “não pode falar, porque não estamos em uma democracia”.
Por volta das 13h, no Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez outra videochamada com o pai, transmitida no ato de Copacabana. Bolsonaro agradeceu aos presentes “pela liberdade, pelo futuro e pelo Brasil” e declarou que “sempre estaremos juntos”. O vídeo foi publicado e depois apagado pelo senador, que também postou uma mensagem em inglês agradecendo aos Estados Unidos —publicação que, para Moraes, foi “uma manifestação clara de apoio às avaliações econômicas impostas” ao país.
Em São Paulo, durante a manifestação na avenida Paulista, Eduardo voltou a aparecer por videochamada, desta vez com o deputado estadual Paulo Mansur (PL-SP). Mais tarde, Nikolas Ferreira novamente projetou a imagem do ex-presidente sobre o trio elétrico, chamando Moraes de “violador de direitos humanos” e pedindo sua prisão. Para o ministro, Bolsonaro usou essas participações para “tentar coagir o STF e obstruir a Justiça”.
No fim do dia, Carlos Bolsonaro (PL-RJ) publicou no X uma foto do pai usando tornozeleira eletrônica e segurando o celular, acompanhando as manifestações. Moraes considerou que o vereador tinha pleno conhecimento das restrições que proibiam o ex-presidente de usar redes sociais.
Apesar do temor de esvaziamento, os atos reuniram cerca de 37,6 mil pessoas na Paulista, número acima das expectativas. Nos discursos e cartazes, o presidente americano Donald Trump também foi exaltado. Um dia depois, Flávio Bolsonaro criticou a ausência de governadores de direita, chamando-a de “erro estratégico gigante” e dizendo que o momento revelou quem está “disposto a resgatar a democracia junto com a gente”.
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