Metade das armas de CACs no Brasil é de uso restrito, aponta Polícia Federal
Com Bolsonaro, pistola 9mm, antes restrita a forças de segurança, tornou-se a mais popular entre caçadores, atiradores e colecionadores
247 - No primeiro mês de controle unificado dos registros de armas de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs), a Polícia Federal divulgou dados inéditos sobre o arsenal desse grupo no Brasil. As informações foram publicadas pelo g1 neste domingo (10) e mostram que metade das armas registradas com CACs é de uso restrito.
De acordo com a ferramenta lançada pela PF, há atualmente 1,5 milhão de armas registradas com CACs e 978 mil registros individuais ativos. Entre elas, 755 mil (pouco mais de 50%) se enquadram como de uso controlado, incluindo cerca de mil metralhadoras, 16 canhões e seis morteiros.
A maior parte desse armamento restrito é composta por pistolas calibre 9mm, que somam 461 mil unidades. Esse modelo era exclusivo de forças como a Polícia Federal e os militares até 2019, quando o governo de Jair Bolsonaro (PL) flexibilizou a compra para civis. A venda voltou a ser restringida no início de 2023, já no governo Lula.
Para o especialista em controle de armas e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Roberto Uchôa, as mudanças na legislação durante a gestão Bolsonaro alteraram significativamente o perfil do armamento em circulação.
“O período de flexibilização do Bolsonaro aumentou o poder de fogo nas mãos da população, com armas de calibres mais potentes, com maior energia e com maior número de pistolas em circulação. São armas que têm maior quantidade de munições”, explica Uchôa.
Segundo ele, antes de 2019 o arsenal dos CACs era dominado por revólveres calibre .38 e pistolas .380. Com a liberação temporária da 9mm e de fuzis, a demanda reprimida fez as vendas dispararem.
“Em pouco tempo, ela se torna a arma mais vendida do Brasil”, afirma.
Além do uso restrito, a PF contabiliza 752 mil armas de uso permitido em posse de CACs. As mais comuns são carabinas e fuzis calibre .22 (212 mil unidades) e espingardas calibre 12 (159 mil).
A popularização da 9mm também impactou o mercado ilegal. Em 2018, apenas 11 pistolas desse calibre foram apreendidas, roubadas ou furtadas. Em 2024, o número saltou para 1.377 unidades. Especialistas atribuem essa alta à combinação de maior poder de fogo, capacidade de munição e velocidade de recarga, já que a 9mm utiliza pente em vez de tambor.
Uchôa lembra que, no passado, o calibre era tão restrito que nem todas as forças de segurança tinham acesso.
“[O calibre 9mm] é tão restrito no Brasil que, em determinada época, somente a Polícia Federal e os militares tinham acesso, nem as outras forças de segurança tinham”, diz.
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