Governo leva CEP a todas as favelas do país
Programa leva endereços formais a 12,3 mil comunidades, beneficiando mais de 16 milhões de pessoas
247 - O governo federal anunciou nesta quarta-feira (8) que todas as favelas e comunidades urbanas do país passaram a contar com Código de Endereçamento Postal (CEP). A medida alcança 12.348 áreas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde vivem cerca de 16,39 milhões de brasileiros, sendo a maioria pretos e pardos (72,9%). As informações são do g1.
O programa, iniciado em 2024, é fruto de uma parceria entre o Ministério das Cidades e os Correios, com a meta de universalizar o endereçamento até o fim de 2025. As ações contemplaram regiões periféricas em 656 municípios brasileiros.
Inclusão cidadã e desafios de endereçamento
Segundo dados do IBGE, cerca de 280 mil endereços em favelas eram classificados como tendo “fragilidade de endereço”, o que impactava aproximadamente 870 mil pessoas. Nesses locais, muitas vezes não havia nome de rua, numeração ou ambos, dificultando o acesso a serviços essenciais.
Entre as medidas já implementadas, o município de Ladário (MS) passou a ter CEP por rua. Além disso, o programa prevê duas etapas complementares: o mapeamento detalhado de logradouros em 300 comunidades, com CEPs específicos para ruas, vielas, becos e travessas — sendo que 765 códigos já foram criados até agora — e a instalação de unidades físicas de atendimento dos Correios em 100 favelas espalhadas pelo país.
Impactos diretos na vida da população
A Secretaria Nacional de Periferias, vinculada ao Ministério das Cidades, destacou que o endereço formal é uma chave para inclusão social e cidadania. A ausência de CEP restringia o acesso a programas de saúde, educação, benefícios sociais, além de dificultar a participação em concursos públicos e processos seletivos de emprego.
Um caso emblemático ocorreu em Campo Grande (MS), na comunidade Nova Esperança. Uma epidemia de sarna humana não era atendida pelo posto de saúde mais próximo porque os moradores não tinham código postal. Após a criação do CEP, agentes de saúde e assistência social passaram a atuar regularmente na região. Vários moradores também conseguiram se cadastrar em programas sociais a que já tinham direito, mas que estavam inacessíveis por falta de endereço formal.
O governo avalia que a implementação dos CEPs representa um marco na redução das desigualdades urbanas, ampliando direitos e garantindo reconhecimento oficial a comunidades historicamente invisibilizadas.