Explosão de preços na rede hoteleira de Belém durante a COP30 ultrapassa diárias do Copacabana Palace
Hospedagens simples chegam a cobrar R$ 51 mil por cinco noites, enquanto casas de luxo ultrapassam R$ 2 milhões no período da conferência
247 - Quartos simples de hotéis três estrelas em Belém, com avaliações inferiores a 7 em sites especializados, estão sendo ofertados por valores superiores aos de suítes de luxo do Copacabana Palace, um dos hotéis mais prestigiados do Brasil. A discrepância foi revelada em reportagem publicada pelo portal UOL, que levantou os preços praticados durante a Conferência do Clima da ONU, a COP30, que será realizada na capital paraense entre os dias 16 e 21 de novembro.
A alta nos preços gerou forte reação entre delegações internacionais. Países emergentes já sinalizaram à ONU que os custos "exorbitantes" podem inviabilizar a participação de representantes, o que levou até à sugestão de que o evento seja transferido de cidade. Em alguns casos, representantes cogitam reduzir drasticamente suas comitivas ou mesmo desistir da ida à conferência.
Ainda assim, o governo federal garante que a COP30 será mantida em Belém. Segundo o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, irmão do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), a situação está sendo tratada com prioridade: "Eu acredito que essa questão das hotelarias, seja através do governo do estado, seja do governo federal, nós vamos encontrar uma solução relacionada a isso". O presidente da COP também afirmou que "não há um plano B".
O levantamento do UOL mostra que hotéis três estrelas estão cobrando até R$ 51 mil por cinco diárias — uma média de R$ 10,2 mil por noite para duas pessoas. Na comparação, a suíte com varanda e vista para o mar no Copacabana Palace, com 60m², custa R$ 49 mil no mesmo período. Já a suíte mais luxuosa do tradicional hotel carioca, com 69m², sai por R$ 60,5 mil — metade do que um hotel cinco estrelas está cobrando em Belém: R$ 125 mil pelo mesmo período.
Os preços não se restringem aos hotéis. Aluguéis por temporada alcançaram cifras inéditas. O UOL identificou um apartamento de alto padrão com 800 m² sendo anunciado por R$ 2,2 milhões para o período de 11 dias do evento (10 a 21 de novembro). Outros dois imóveis ultrapassam R$ 1 milhão no mesmo intervalo, e dezenas de anúncios pedem entre R$ 500 mil e R$ 900 mil por flats, apartamentos e casas na cidade.
Em uma simulação feita no site Booking.com para o mesmo hotel três estrelas, mas no mês anterior ao evento (de 5 a 10 de outubro), o valor das cinco diárias cai para R$ 2.633 — uma diferença de 95% em relação ao valor cobrado durante a COP30.
Diante do cenário, cresce a pressão sobre os governos estadual e federal para controlar os abusos e garantir condições mínimas de hospedagem aos participantes. A realização da conferência na Amazônia foi celebrada como marco da diplomacia ambiental brasileira, mas os valores cobrados colocam em xeque a capacidade do país de sediar um evento de tamanha relevância de forma acessível e justa.
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