Deyvid Bacelar critica risco de privatização da PBIO no aniversário de 72 anos da Petrobras
Em ato na Bahia, coordenador da FUP diz que a Petrobras é fruto da luta do povo e não pode ser entregue ao capital privado
247 - Em pleno aniversário de 72 anos da Petrobras, comemorado nesta sexta-feira (3), o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, criticou a atual gestão da estatal e à possibilidade de privatização da Petrobras Biocombustíveis (PBIO). O ato ocorreu em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, e reuniu trabalhadores em defesa da empresa.
Bacelar afirmou que o momento deveria ser de celebração, mas a realidade impõe mobilização. “No dia em que poderíamos apagar 72 velinhas no bolo de aniversário da Petrobras, estamos em plena luta, aqui em Candeias, realizando um ato contra a possibilidade de privatização da Petrobras Biocombustíveis e, pasmem, do próprio Polo Bahia Terra”, disse.
"A Petrobras nasceu da luta do povo brasileiro"
Em sua fala, o sindicalista relembrou a origem da companhia, fruto da mobilização popular na campanha “O Petróleo é Nosso”, entre 1948 e 1949. “Havia interesses internacionais que diziam que aqui não tinha petróleo e não havia necessidade da Petrobras. Ou seja: a Petrobras nasceu em 1953 a partir da luta do povo brasileiro, quando surgiu a categoria petroleira”, ressaltou.
Bacelar lembrou que, desde então, várias tentativas de privatização foram enfrentadas pelos trabalhadores. “Fizemos a maior greve da história em 1995, uma greve de 32 dias que evitou a privatização. E há poucos anos, no governo Bolsonaro, fizemos uma greve vitoriosa contra a privatização da Petrobras em 2020”, destacou.
Críticas à direção atual da estatal
Mesmo sendo conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bacelar não poupou críticas à condução da Petrobras. Ele afirmou que o modelo de negócios desenhado pela atual gestão não representa o programa de governo apoiado pelos petroleiros. “Tenho certeza absoluta de que o presidente Lula é contrário a esse modelo de negócio vislumbrado pela atual gestão da Petrobras de fazer parceria com a Oleoplan, conhecida por acidentes fatais e descumprimento de normas de segurança e trabalhistas”, declarou.
Para o sindicalista, a PBIO deve ser incorporada de forma definitiva à Petrobras, reforçando o papel estratégico da transição energética. “É inadmissível que tenhamos nesse governo, que ajudamos a construir e que é contrário às privatizações, uma possibilidade de privatização às escusas da PBIO. A PBIO é esse braço da transição energética”, afirmou.
Agricultura familiar e transição justa
Bacelar lembrou que, quando criada no governo Lula, a Petrobras Biocombustíveis tinha como objetivo fomentar a agricultura familiar e permitir uma transição justa, com participação de agricultores no fornecimento de oleaginosas como mamona, dendê e pinhão. “Com a nova Petrobras que surgiu com o presidente Lula, a PBIO pela primeira vez na sua história teve lucro. E agora que está tendo lucro e voltando a envolver agricultores familiares e catadores de recicláveis, a gestão decide implantar um novo modelo de privatização”, criticou.
"A Petrobras é do povo brasileiro"
Na reta final de sua fala, Bacelar reforçou o caráter público da estatal. “A Petrobras é uma empresa do povo brasileiro. Não é do agronegócio, de estrangeiros ou de acionistas minoritários que tentam dar o tom da Petrobras a partir de quatro representantes em um conselho de 11 membros”, disse.
Com seu tradicional jaleco laranja e o boné com a inscrição O Brasil é dos Brasileiros, o coordenador da FUP também destacou conquistas sociais recentes, como a aprovação da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos. Para ele, medidas como essa só foram possíveis graças à mobilização popular. “Isso só foi aprovado devido à luta do povo e dos movimentos sociais e sindicais”, concluiu.