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      BNDES detalha linhas de crédito em reunião com municípios afetados por tarifaço de Trump

      Encontro reuniu gestores municipais e apresentou medidas do Plano Brasil Soberano, que prevê R$ 40 bilhões em apoio a exportadores brasileiros

      Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, afirmou que as empresas terão um ano de carência e dois anos para investir nas novas linhas de crédito (Foto: Jaqueline Machado/BNDES)
      Aquiles Lins avatar
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      247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) se reuniram nesta quinta-feira (28) com gestores municipais de diferentes regiões do país para discutir os impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), algumas das cidades mais afetadas pelas sobretaxas participaram do encontro, que apresentou as primeiras ações do Plano Brasil Soberano, anunciado pelo Governo Federal na semana passada.

      A reunião teve como objetivo alinhar medidas emergenciais de crédito e apoio à indústria exportadora, especialmente em municípios cuja economia depende do comércio com os EUA. “O que tivemos aqui foi um conjunto de informações muito acima das nossas expectativas”, afirmou o presidente da entidade e prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Para ele, as soluções apresentadas “sem dúvida nenhuma trazem conforto aos prefeitos aqui presentes e aos prefeitos de todo o Brasil, que têm o desafio de lidar com o setor produtivo das suas cidades”.

      O tarifaço norte-americano estabeleceu alíquotas de até 50% sobre diversos produtos, atingindo diretamente a balança comercial brasileira. Como resposta, o Governo Federal editou a Medida Provisória nº 1.309/2025, que instituiu o Plano Brasil Soberano, com a previsão de R$ 40 bilhões em linhas de crédito a serem operacionalizadas pelo BNDES. Durante o encontro, o banco detalhou as condições de acesso e destacou medidas específicas para micro, pequenas e médias empresas exportadoras.

      Além de Paes, participaram prefeitos de cidades fortemente impactadas pelo novo cenário econômico, como Anderson Farias (São José dos Campos/SP), Margarida Salomão (Juiz de Fora/MG), Andrei Gonçalves (Juazeiro/BA), Dário Saadi (Campinas/SP), Alexandre Ferreira (Franca/SP), Simão Durando (Petrolina/PE), entre outros.

      O prefeito de Petrolina, Simão Durando, chamou atenção para a gravidade da situação enfrentada pelo polo exportador do Vale do São Francisco. “Estamos nessa janela de agosto, setembro e outubro, com 2.500 contêineres de manga e 700 contêineres de uva para exportar para os Estados Unidos. E esse tarifaço pegou o Vale do São Francisco de mãos atadas”, afirmou. Segundo ele, a negociação com o BNDES busca garantir dilatação de prazos e acesso facilitado ao crédito para produtores de diferentes portes.

      Em Franca, interior de São Paulo, o impacto também é significativo na indústria calçadista. “Hoje temos em torno de um milhão de pares de sapatos que vão ser brecados no seu embarque”, relatou o prefeito Alexandre Ferreira. Ele destacou que o formato e o modelo dos calçados destinados ao mercado americano não encontram demanda em outros países, exigindo a criação de novas coleções para manter as exportações ativas.

      O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o banco já iniciou a preparação da rede bancária para atender às demandas. “O BNDES já está em campo. Já realizamos uma oficina de crédito com 520 representantes de todos os bancos e cooperativas de crédito que trabalham conosco, incluindo gerentes e técnicos, para detalhar as medidas e preparar a rede bancária”, disse. Ele garantiu ainda que as empresas terão um ano de carência e dois anos para investimento.

      Segundo Mercadante, se a Receita Federal e o MDIC disponibilizarem os dados das empresas até 8 de setembro, as primeiras aprovações poderão ser liberadas em 15 de setembro. “Quando estivermos com os dados, os bancos poderão entrar em contato com o BNDES. Iremos identificar as perdas de cada empresa e direcionar as linhas de crédito adequadas”, explicou.

      A FNP também apresentou um painel interativo desenvolvido em Power BI, com dados do Comex Stat, sistema do MDIC. A ferramenta permite consultar informações detalhadas das exportações brasileiras de 2024 e do primeiro semestre de 2025, com filtros por estado, município, destino e produto. Segundo o levantamento, em 2024 o Brasil exportou mais de R$ 217 bilhões para os Estados Unidos, principalmente em combustíveis, minerais, aeronaves, frutas, carnes, café e madeira.

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