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Aliados relatam Bolsonaro deprimido e sem esperança política

Em prisão domiciliar, ex-presidente demonstra pessimismo, fala em “milagre” e deposita única esperança em anistia que não avança no Congresso

Jair Bolsonaro (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasi)

247 - Aliados próximos que visitam Jair Bolsonaro em sua prisão domiciliar relatam um cenário de abatimento e desânimo. Segundo informações da coluna de Bela Megale, no jornal O Globo, o ex-presidente tem demonstrado um humor cada vez mais sombrio e uma visão pessimista sobre o próprio futuro político e judicial.

De acordo com os interlocutores, Bolsonaro está ciente de que uma eventual transferência para um regime fechado é uma possibilidade real e próxima. Nessas conversas, o capitão reformado tem dito que apenas um “milagre” poderia mudar seu destino. O tom de resignação tem sido recorrente, revelando a perda de confiança em uma saída jurídica ou política que o beneficie.

Um dos fatores que mais o afetam, relatam os visitantes, é o afastamento da cena política. Bolsonaro reconhece que se tornou, segundo suas próprias palavras, uma “carta fora do baralho”. O isolamento o incomoda profundamente, e a única esperança que ainda alimenta é a possibilidade de uma anistia — proposta que está parada no Congresso Nacional, sem perspectiva de avanço.

Nesta semana, ao ser questionado por um aliado se ainda haveria um caminho para sua reabilitação política, Bolsonaro foi direto: citou novamente a anistia como sua última aposta. A estagnação do tema, porém, é conhecida entre seus correligionários, que evitam transmitir a má notícia para não agravar o quadro emocional do ex-presidente.

Diante desse impasse, parte dos aliados mais próximos tenta convencê-lo a “virar a página” e construir um novo projeto de vida fora da política. O esforço, entretanto, tem encontrado resistência. Bolsonaro, segundo pessoas próximas, reage mal à ideia e insiste que o que mais o frustra é estar “neutralizado” e sem capacidade de articulação política.

Além das questões emocionais, a saúde do ex-presidente também preocupa. Em algumas das visitas, ele foi descrito como sonolento e apático — efeito colateral de medicamentos que tem tomado para controlar crises de soluço. A combinação de fatores físicos e psicológicos reforça, segundo aliados, o quadro de fragilidade do ex-presidente, que vive um dos momentos mais delicados desde que deixou o Palácio do Planalto.