"A massa bolsonarista compacta parece não mais existir", diz João Cezar de Castro sobre atos
Para o pesquisador, o entusiasmo da multidão diminui e coesão do grupo político se fragmenta mesmo em atos com grande público
247 - O professor e pesquisador João Cezar de Castro Rocha analisou as recentes manifestações bolsonaristas em defesa da anistia e fez um alerta sobre a fragmentação crescente do movimento. Em vídeo publicado nas suas redes sociais durante o ato deste domingo, ele relatou momentos de tensão e observações sobre a dinâmica dos manifestantes.
"Acabou a manifestação bolsonarista, mas como vocês veem, eu continuo cercado pelos próprios manifestantes", disse o pesquisador, contando que conseguiu escapar de uma situação delicada em que foi reconhecido por alguns participantes enquanto estava próximo ao carro de som, registrando o último discurso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em Copacabana.
Para João Cezar, o mais relevante não é apenas o número de pessoas presentes, mas a coesão do grupo. "O que me chama atenção nas duas últimas e nesta em particular, é menos o número, embora claro o número seja significativo. O que me chama atenção é a desagregação das pessoas presentes", afirmou. Segundo ele, "o que conforma o movimento político, o que cria uma massa assustadora, é a coesão, a integração e o amálgama de ideias e de princípios".
O pesquisador observou que, durante os discursos, grupos paralelos de conversa se formaram e o entusiasmo da multidão era visivelmente reduzido. Sobre a participação do ministro e pastor Silas Malafaia, João Cezar disse que "não houve aplausos, é quase inaudível" e que o político "ocupou no máximo a manifestação três quadros de Copacabana, não muito mais do que isso".
Bandeira dos EUA
Outro ponto destacado foi a presença de bandeiras estrangeiras, como as de Israel e dos Estados Unidos, contrastando com o lema dos manifestantes "nossa bandeira jamais será vermelha". "Ou seja, a nossa bandeira jamais será vermelha, mas vermelha, azul e branca sim, pode ser, ou seja, a bandeira americana", ironizou o pesquisador.
Em sua avaliação final, João Cezar de Castro Rocha classificou o ato como um "grande fracasso", enfatizando que "os números importam menos do que a desagregação crescente dos que comparecem às manifestações bolsonaristas. A massa bolsonarista compacta, aguerrida, unida, densa, parece não mais existir".