Sistema Nacional de Fomento acelera mobilidade limpa e fortalece desenvolvimento sustentável no Brasil

Aquiles Lins, 247 - O Brasil, marcado por profundas desigualdades regionais, tem no desenvolvimento local uma das principais chaves para reduzir disparidades e gerar oportunidades. Nesse processo, o Sistema Nacional de Fomento (SNF), formado por bancos públicos federais, agências de desenvolvimento e instituições financeiras regionais, tem assumido papel central. Por meio do financiamento de projetos que unem crescimento econômico, inclusão social e sustentabilidade ambiental, essas instituições fortalecem políticas públicas que chegam diretamente às cidades e transformam a vida da população.

Um exemplo emblemático desse movimento é a chegada de 120 novos ônibus elétricos à frota da capital paulista, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil. A entrega ocorreu em 22 de setembro, em evento organizado pela prefeitura.A operação integra um contrato de R$ 2,5 bilhões assinado no fim de 2023, que prevê a aquisição de 1,3 mil coletivos movidos a bateria, todos de fabricação nacional. O investimento ajuda São Paulo a avançar no cumprimento da Lei Municipal 14.933/2009, que determina zerar a emissão de gás carbônico (CO²) de origem fóssil até 2038.

Segundo Luciana Costa, diretora do BNDES, o banco passou a atuar diretamente no financiamento de ônibus apenas recentemente. “Até 2023, a gente não financiava diretamente aquisição de ônibus (...). Mas nós entendemos que financiar ônibus é muito importante para o país e para as grandes cidades. Hoje somos o maior financiador de ônibus da América Latina”, afirmou.

O prefeito Ricardo Nunes destacou que os novos coletivos trarão ganhos ambientais e econômicos: “A cidade deixará de consumir 35 mil litros de diesel por ano e deixará de emitir 10,4 mil toneladas de CO². A gente vem tendo um avanço superimportante com ônibus não poluentes, silenciosos, que proporcionam mais qualidade de vida a motoristas, cobradores e passageiros”.

Além da redução de emissões, os novos veículos oferecem conforto e segurança: contam com ar-condicionado, tomadas USB, Wi-Fi e câmeras integradas ao sistema de monitoramento Smart Sampa.

Estudo confirma liderança brasileira

Em maio, pesquisa realizada pelo C40 Cities e pelo Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT) apontou o BNDES como o maior financiador de ônibus elétricos da América Latina, responsável por mais de 12% do valor total alocado em projetos na região. A liderança brasileira reforça a relevância do SNF na transição energética e no combate à crise climática.Desde 2023, o banco já aprovou R$ 3,8 bilhões em crédito para aquisição de 1.701 ônibus elétricos em São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Espírito Santo. O impacto estimado é a redução de 115 mil toneladas de CO² ao ano.

Região Metropolitana do Recife moderniza frota

A atuação do Sistema Nacional de Fomento vai além da eletrificação. No Recife e em cidades vizinhas, o BNDES aprovou R$ 32,2 milhões para a compra de 40 ônibus Euro 6 pela Mobibrasil Expresso S.A., beneficiando cerca de 359 mil habitantes.Os novos veículos, que substituem modelos mais antigos, reduzem em até 89% as emissões de óxidos de nitrogênio, poluente associado a doenças respiratórias. “Ônibus euro 6 reduzem em até 89% as emissões (...), e trarão mais benefícios para a Região Metropolitana do Recife, como a melhora na qualidade do ar”, destacou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Novo PAC Seleções amplia investimentos

A política de renovação de frota foi reforçada pelo Novo PAC Seleções, lançado pelo governo federal. Apenas nessa modalidade, serão investidos R$ 10,5 bilhões para aquisição de 2.529 ônibus elétricos, 2.782 ônibus Euro 6 e 39 trens, atendendo 98 municípios em todo o país.Do total, R$ 4,5 bilhões virão do BNDES e R$ 6 bilhões da Caixa. A ação está alinhada ao eixo Cidades Mais Sustentáveis e Resilientes, e deve gerar 234 mil empregos diretos e indiretos.

“O Novo PAC Seleções é fundamental para a indústria brasileira porque cria uma demanda importante para a instalação e a ampliação de fábricas de elétricos no país, gerando empregos qualificados e renda”, destacou Mercadante.

Mobilidade urbana no centro da agenda climática

O debate sobre financiamento da transição energética ganha ainda mais relevância às vésperas da COP 30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). No Seminário Nacional NTU 2025, especialistas, governadores e prefeitos ressaltaram que o transporte coletivo é um dos pilares da agenda climática urbana.“A rota para a transição energética no Brasil começa pela mobilidade urbana. Modernizar o transporte coletivo e atrair mais passageiros para o ônibus é a forma mais rápida e acessível de reduzir as emissões nas cidades e promover justiça social”, afirmou Francisco Christovam, diretor executivo da NTU.Para Edmundo Pinheiro, presidente do Conselho Diretor da entidade, o transporte público precisa ser reconhecido como política ambiental, social e urbana.