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Reciclagem de vidro no Brasil cresce 14% e supera metas ambientais

Em 2024, mais de um terço das garrafas fabricadas no país foi feito com vidro reciclado, segundo dados da Circula Vidro

Reciclagem de vidro no Brasil cresce 14% e supera metas ambientais (Foto: Freepik )

247 - Uma a cada três garrafas produzidas no Brasil é feita com vidro reciclado. De acordo com dados do Relatório Anual de Logística Reversa 2024, elaborado pela Circula Vidro e divulgados nesta quarta-feira (5), o volume de vidro reciclado no país cresceu 14,2% em relação a 2023, totalizando 596.923 toneladas reaproveitadas na produção de novas embalagens.

A Circula Vidro, entidade gestora responsável pela logística reversa do setor, informou que o chamado Índice de Conteúdo Reciclado (ICR) — que mede a proporção de matéria-prima reciclada usada em novas garrafas — chegou a 36,86%. O resultado supera a meta de 27% fixada pelo Decreto Federal nº 11.300/2022 para 2024 e antecipa a marca de 35% prevista apenas para 2032.

Do total, 394,5 mil toneladas correspondem a embalagens, como garrafas e potes, e 202,3 mil toneladas referem-se a vidro plano, usado em janelas e para-brisas. “Responsabilidade compartilhada gera prosperidade coletiva. Avançamos na compreensão de toda a jornada do vidro no Brasil”, afirmou o CEO da Circula Vidro, Alexandre Macário. “Isso nos coloca em um caminho sólido para aprimorar políticas públicas, fortalecer a fiscalização e o combate à falsificação”, completou.

Metas superadas e verificação auditada

O relatório mostra ainda que 32,99% das embalagens de vidro de uso único colocadas no mercado em 2024 foram recuperadas para reciclagem — índice acima da meta nacional de 30%. Todo o processo de verificação é auditado, tornando o setor o primeiro no país a atingir 100% de comprovação independente dos volumes reciclados.

A entidade realiza auditoria sobre notas fiscais de operadores logísticos, cooperativas e beneficiadores, o que garante a autenticidade de cada tonelada processada e impede duplicidades. Segundo a Circula Vidro, a consolidação desses dados foi enviada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com total rastreabilidade documental.

Desafios da coleta e da informalidade

Apesar do avanço, a Circula Vidro reconhece que o setor ainda enfrenta desafios importantes. A baixa cobertura da coleta seletiva nos municípios, principalmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, e o descarte incorreto de embalagens em grandes estabelecimentos continuam comprometendo o crescimento da reciclagem.

Quando todos colaboram, o ciclo do vidro se fortalece. Precisamos de mais participação da população e dos estabelecimentos comerciais, e mais fiscalização das autoridades para ampliar a reciclagem”, destacou Macário.

A entidade planeja novas iniciativas em parceria com prefeituras, cooperativas e operadores, com o objetivo de ampliar os pontos de entrega e formalizar novos fluxos de coleta e triagem.

Impactos ambientais e econômicos

O reaproveitamento de vidro traz ganhos expressivos ao meio ambiente e à economia. Segundo o relatório, cada seis toneladas de vidro reciclado evitam a emissão de uma tonelada de CO₂, o que representou, em 2024, a redução de 99,5 mil toneladas de gases de efeito estufa. Além disso, o processo reduz em até 40% o consumo de energia nas fábricas e prolonga a vida útil dos aterros sanitários — o volume reaproveitado equivale a 191 piscinas olímpicas de resíduos evitados.

A Circula Vidro estima que a cadeia de reciclagem movimentou cerca de R$ 350 milhões no ano passado, entre coleta, transporte, compra de cacos e investimentos em programas de logística reversa, com geração direta de emprego e renda.

Criada pela união entre indústria, marcas e entidades representativas, a Circula Vidro atua em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Decreto Federal nº 11.300/2022. O conselho diretivo da instituição reúne a Abividro, a Abrabe e o Sindicerv, representando 100% das fábricas de vidro e cerca de 80% dos envasadores do país.