Mercadante propõe criação de fundo internacional para emergências climáticas durante evento no Parlamento Europeu
Presidente do BNDES defende cooperação global para enfrentar eventos extremos e reforça papel do Brasil e da União Europeia na COP30
247 - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, propôs nesta quarta-feira, 15 de outubro, a criação de um fundo internacional de solidariedade voltado a urgências e emergências climáticas. A declaração foi feita durante o S&D Latin America Days, realizado no Parlamento Europeu, em Bruxelas. A informação é do próprio BNDES.
Em seu discurso, Mercadante destacou a necessidade de uma resposta global coordenada diante do aumento da frequência e da intensidade dos eventos climáticos extremos. “É preciso avançar em uma agenda em relação aos eventos extremos que são cada vez mais intensos e frequentes. Nós precisamos criar um fundo para a emergência, para o incêndio, para a inundação, para catástrofes climáticas que vão ser mais intensas e frequentes”, afirmou.
O evento contou com a presença do presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, e da presidente do Grupo S&D no Parlamento Europeu, a espanhola Iratxe García Pérez. Diante da plateia, Mercadante citou os recentes desastres climáticos no Brasil como exemplo da urgência dessa pauta. “Nós vivemos incêndios e ondas de calor. No Brasil, inundações sem precedentes históricos. No sul do país, 400 cidades ficaram embaixo d'água. Se aquilo tivesse acontecido, talvez no Paraguai, eu não sei se o país se levantaria ou quanto tempo demoraria para se levantar”, relatou.
Segundo ele, o governo brasileiro já destinou cerca de US$ 20 bilhões para ações de reconstrução, dos quais mais de US$ 5 bilhões foram aportados pelo BNDES. O dirigente ressaltou que o banco vem investindo de forma consistente na resiliência climática e em energia limpa e renovável. “O BNDES é o banco que mais financiou energia limpa e renovável na história, segundo a Bloomberg”, destacou.
Compromisso verde e COP30
Mercadante reforçou que o BNDES possui o balanço mais verde do sistema financeiro nacional, resultado do compromisso da instituição com a sustentabilidade. Ao mencionar a próxima Conferência do Clima da ONU (COP30), que será realizada em Belém, o presidente do banco defendeu a presença em peso da União Europeia no evento.
Ele ressaltou o papel estratégico do reflorestamento na transição ecológica: “A forma mais antiga, mais barata e mais eficiente de descarbonizar o planeta é plantar árvores. Nós estamos financiando um plantio de 73 milhões de árvores hoje, são quase US$ 800 milhões”, disse. Mercadante também agradeceu o apoio da União Europeia ao Fundo Amazônia e defendeu o fortalecimento do instrumento como pilar da cooperação internacional.
“Temos uma grande oportunidade de colocar a bola no chão na COP30. Discutir pactos, compromissos e recursos”, completou.
Integração e multilateralismo
Ao tratar de política comercial, Mercadante criticou as ações unilaterais no comércio internacional, especialmente as adotadas pelos Estados Unidos, e defendeu a valorização do multilateralismo como resposta às crises globais. “A melhor resposta à crise do multilateralismo é mais multilateralismo. É mais parceria, mais cooperação, mais mecanismos de negociação de divergências comerciais”, afirmou.
O presidente do BNDES destacou ainda a importância de aprofundar as relações comerciais entre a União Europeia e a América Latina, defendendo a conclusão do acordo Mercosul-União Europeia, prevista para dezembro. “Esse acordo é muito importante para que a gente vá além do comércio. A União Europeia precisa voltar a se ver como uma referência civilizatória no planeta”, declarou.