JBS apoia pequenos pecuaristas e amplia produtividade com foco em sustentabilidade
Programa Escritórios Verdes já elevou em 30% a produção de 900 fazendas em Rondônia e Mato Grosso e recuperou 8 mil hectares de mata nativa
247 - A busca por soluções que conciliem aumento da produção de alimentos e preservação ambiental foi destaque no NeoSummit COP30, realizado nesta quarta-feira (10), em São Paulo. Segundo reportagem divulgada pela organização do evento, a JBS apresentou resultados do programa Escritórios Verdes, que já beneficia 900 pequenos pecuaristas em Rondônia e no oeste de Mato Grosso, com ganhos expressivos de eficiência e renda.
De acordo com o CEO Global da companhia, Gilberto Tomazoni, os produtores participantes registraram um salto médio de 30% na produtividade. Ele destacou que a iniciativa mostra como a transição ecológica pode ser financiada pelo próprio aumento de eficiência do campo. “A solução não é um produto mais caro na prateleira, é um produtor mais eficiente no campo”, afirmou.
Durante o painel “Alimentar o mundo que cresce”, Tomazoni ressaltou que eficiência e sustentabilidade não são conceitos opostos. O pecuarista Pelerson Penido, líder do Grupo Nova Roncador, reforçou a ideia ao resumir a experiência prática: “A busca por melhores resultados nos levou à sustentabilidade”.
O programa Escritórios Verdes atua em três frentes. A primeira envolve a regularização ambiental, que já permitiu adequar mais de 19 mil fazendas e recuperar cerca de 8 mil hectares de vegetação nativa. A segunda é a assistência técnica direta a pequenos produtores, que trouxe não apenas ganhos de produtividade, mas também aumento de renda de até 1,5 salário mínimo. Por fim, a gestão das propriedades, já aplicada em 500 fazendas, revelou que 30% delas operam hoje de forma carbono eficiente.
Um dos pilares do avanço sustentável no campo é a tecnologia da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), modelo no qual o Brasil é referência mundial. A prática possibilita até três safras anuais em uma mesma área, combinando grãos, bovinos e árvores. Segundo a Embrapa, sistemas integrados já ocupam mais de 17 milhões de hectares no país, área equivalente à soma de Áustria, Dinamarca e Suíça.
Tomazoni destacou a importância de reposicionar a imagem do agronegócio brasileiro no cenário global. “Deixamos, ao longo do tempo, que se construísse uma narrativa de que o agro não é sustentável. A oportunidade que temos agora é mostrar exemplos reais do que o Brasil faz para mudar essa visão. A COP30 é a nossa chance de mostrar para o mundo o que estamos fazendo aqui”, disse.
O executivo também defendeu que a pecuária regenerativa seja reconhecida como parte da solução climática. Para ele, é necessário rever a contabilidade de carbono do setor, incorporando o potencial de captura de CO₂ das pastagens bem manejadas. “A solução está no solo. A agricultura tropical precisa de referências técnicas próprias, e não daquelas desenvolvidas para climas temperados”, pontuou. Dados da FAO indicam que os solos podem capturar até 23% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Essa visão é apoiada por estudo do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV (OCBio/FGV), que analisou propriedades participantes do programa Fazenda Nota 10. A pesquisa revelou que 31% das fazendas já removem mais carbono do que emitem, confirmando que eficiência produtiva pode gerar benefícios ambientais concretos.
Além do trabalho direto com produtores, Tomazoni ressaltou sua atuação no Grupo de Trabalho de Sistemas Alimentares da Sustainable Business COP (SBCOP), responsável por articular a participação do setor privado na conferência. “Cabe ao setor privado dar materialidade ao que os governos pactuam. O caminho é produzir cada vez mais com menos recursos”, concluiu.