Itaipu conclui montagem de ilha solar flutuante e inicia fase final de testes
Projeto-piloto de 1 MWp deve entrar em operação em novembro e será usado para consumo interno da hidrelétrica, avaliando expansão futura
247 - A Itaipu Binacional concluiu, na última sexta-feira (26), a montagem e a ancoragem da primeira ilha solar flutuante em seu reservatório. A estrutura faz parte de um projeto-piloto de 1 MWp (megawatt-pico) e representa um passo estratégico na diversificação da matriz energética da usina, com a incorporação de fontes renováveis de baixa emissão. A informação foi divulgada pela própria empresa.
Com área de 7.600 m², a ilha recebeu 1.568 painéis fotovoltaicos instalados sobre flutuadores. Agora, a equipe técnica avança na instalação dos últimos equipamentos e na conexão dos cabos de energia e comunicação, etapa que deve ser concluída nas próximas duas semanas. Na sequência, começarão os testes de comissionamento, que incluem análises a frio — sem geração — e a quente, com energização plena do sistema. A expectativa é que a usina solar esteja em operação até o fim de novembro, gerando energia para consumo interno da própria Itaipu.
Segundo o engenheiro Márcio Massakiti Kubo, da Superintendência de Energias Renováveis da binacional, o projeto tem caráter inédito. “A instalação de sistemas flutuantes exige cuidados especiais, principalmente por estar próxima ao vertedouro e dentro da área náutica de segurança operativa da usina”, afirmou. Ele destacou ainda que o cronograma passou por ajustes em função das chuvas e da necessidade de preservar a segurança dos trabalhadores e das operações da hidrelétrica.
O piloto busca avaliar a viabilidade técnica, os benefícios e os possíveis impactos ambientais da geração solar flutuante. Durante um ano, dados de desempenho e monitoramento serão coletados para embasar decisões sobre uma eventual ampliação do sistema, tanto em Itaipu quanto em outros reservatórios do Brasil e do Paraguai.
Embora não haja previsão imediata de expansão, estudos preliminares sugerem que cobrir apenas 1% da superfície do reservatório com painéis solares poderia gerar até 3,6 TWh anuais — o equivalente a cerca de 4% de toda a energia produzida pela usina em 2023. “É um número expressivo, mas a viabilidade depende de fatores como proximidade ao consumo, navegação e características locais”, explicou Kubo.
Na frente ambiental, relatórios técnicos não apontam impactos significativos em experiências anteriores, o que incentivou a execução do projeto. Ainda assim, Itaipu realizará monitoramento constante, com apoio de parques tecnológicos do Brasil e do Paraguai, para avaliar possíveis efeitos sobre a biodiversidade, como alterações em habitats de aves e peixes, qualidade da água e crescimento de algas.
Além da geração solar, Itaipu também investe em outras fontes renováveis, como biogás, hidrogênio verde e microgrids, consolidando-se como um polo de inovação e sustentabilidade na região trinacional.