Brasil apresenta barco movido a hidrogênio e inaugura nova era na navegação
O JAQ H1, de 36 metros, será lançado na COP30 e marca o início de um projeto pioneiro que busca autossuficiência energética e navegação com zero carbono
247 - Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro em Belém (PA), o Brasil se prepara para apresentar uma das mais promissoras inovações em energia limpa aplicada à navegação. Segundo informações divulgadas pelo Grupo Náutica, o país lançará o JAQ H1, o primeiro barco com operações internas movidas a hidrogênio, projetado para atuar como laboratório flutuante voltado a pesquisas científicas, conferências, explorações ambientais e ações de educação ecológica.
Com 36 metros de comprimento, o JAQ H1 será exibido durante a COP30 e representa a primeira etapa de um projeto ambicioso que pretende alcançar 100% de autossuficiência energética até 2027. A embarcação faz parte do JAQ Hidrogênio, iniciativa liderada por Ernani Paciornik, presidente do Grupo Náutica e um dos nomes mais influentes do setor. O projeto conta com o apoio de parceiros estratégicos como Itaipu Parquetec, MAN, GWM, Artefacto, Café Orfeu e Heineken.
“O lançamento do JAQ H1 é um símbolo de que o Brasil pode ser um laboratório não apenas para a ciência do clima, mas também para a inovação tecnológica, e traçar o caminho para uma navegação mais eficiente e limpa”, destacou Ernani Paciornik, reforçando o caráter pioneiro do empreendimento.
Durante a COP30, toda a hotelaria do JAQ H1 — incluindo iluminação, climatização, cozinha e auditório com capacidade para até 50 pessoas — será alimentada exclusivamente por hidrogênio verde (H₂V), garantindo operação com emissão zero de carbono. A embarcação foi concebida para navegar em águas fluviais, adaptando-se às condições e desafios logísticos dos rios da Amazônia, região que simboliza a urgência global por soluções sustentáveis.
Etapas da descarbonização
O projeto do JAQ Hidrogênio foi estruturado em três fases, alinhadas à evolução tecnológica da propulsão e ao desenvolvimento da cadeia produtiva do hidrogênio no país:
- Fase inicial (2025) – Durante a COP30, o JAQ H1 funcionará com sistemas internos movidos a hidrogênio verde, com tecnologia da GWM Hidrogênio FTXT e suporte técnico do Itaipu Parquetec.
- Início de 2026 – A embarcação receberá um sistema híbrido de propulsão a hidrogênio, desenvolvido pela MAN, que deverá reduzir em até 80% as emissões de carbono.
- 2027 – Está previsto o lançamento do JAQ H2, uma versão mais avançada capaz de produzir o próprio hidrogênio a bordo, por meio de um eletrolisador que gera H₂ a partir da água do mar, atingindo autossuficiência total.
Além do papel tecnológico, as embarcações JAQ H1 e JAQ H2 terão uma importante função científica: servir como laboratórios flutuantes para o estudo e monitoramento dos biomas brasileiros, com foco na Amazônia e nas mudanças climáticas.
Hidrogênio verde e o futuro da navegação
O transporte marítimo é responsável por cerca de 2,89% das emissões globais de CO₂, segundo dados da Organização Marítima Internacional (IMO). Por isso, o hidrogênio verde surge como uma das alternativas mais promissoras para descarbonizar a matriz energética do setor.