BNDES e Petrobras lançam edital para compra de créditos de carbono
Primeira chamada do ProFloresta+ prevê contratação de 5 milhões de créditos de alta integridade e pode movimentar mais de R$ 450 milhões em investimentos
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Petrobras anunciaram nesta terça-feira (11) o lançamento do primeiro edital do ProFloresta+, voltado à contratação de 5 milhões de créditos de carbono de alta integridade. A informação foi divulgada pelas duas instituições em comunicado conjunto.
De acordo com o edital, serão firmados cinco contratos de 1 milhão de créditos cada, resultantes da restauração ecológica de ao menos 3 mil hectares por projeto, em áreas privadas ou públicas sob concessão florestal no bioma amazônico. O prazo total dos contratos será de 25 anos.
Financiamento verde com o BNDES
O BNDES estruturou o ProFloresta+ em parceria com a Petrobras para oferecer financiamento especial aos desenvolvedores dos projetos vencedores. As operações poderão contar com linhas como o Fundo Clima, que oferece prazo de até 25 anos e custo financeiro de 1% ao ano. O potencial total de investimentos gerados pela iniciativa ultrapassa R$ 450 milhões.
A diretora socioambiental do banco, Tereza Campello, destacou o papel da instituição no fortalecimento da economia verde. “O BNDES está ajudando a transformar o setor florestal em um motor da economia verde. Com crédito, recursos não reembolsáveis e inovação financeira, criamos condições reais para escalar a restauração e o uso sustentável dos nossos biomas”, afirmou. Segundo ela, “o ProFloresta+, em parceria com a Petrobras, é um exemplo dessa visão: um instrumento que vai fortalecer o mercado de carbono de alta integridade e gerar benefícios concretos para as pessoas e para o planeta”.
Cronograma e entrega dos créditos
O programa permitirá o desenvolvimento de projetos greenfield, ou seja, criados do zero. Por isso, o cronograma prevê tempo para aquisição ou arrendamento de terras, produção de sementes e mudas, plantio e certificação dos créditos de carbono. A entrega dos primeiros créditos está prevista para até sete anos após a assinatura dos contratos, com novas entregas a cada cinco anos, até completar o período de 25 anos.
A diretora de Sustentabilidade e Transição Energética da Petrobras, Angélica Laureano, ressaltou o caráter pioneiro da iniciativa. “Nossa equipe está muito otimista com essa primeira transação de créditos de carbono de restauração ecológica da Petrobras”, disse. “A expectativa é que ela sirva como referência de preço e requisitos técnicos para a geração de créditos de carbono de alta qualidade a partir da restauração florestal de nossos biomas.”
Seleção e critérios técnicos
As empresas interessadas têm 30 dias para apresentar suas propostas. Serão selecionados os projetos de restauração ecológica com espécies nativas que apresentem o menor preço por crédito de carbono. A Petrobras garantirá a compra dos créditos em contratos de longo prazo (offtake), com preço definido por licitação.
No edital, consórcios de até quatro empresas são permitidos, e cada ofertante poderá firmar até três contratos, totalizando 3 milhões de créditos. As propostas podem ser feitas para lotes de 1, 2 ou 3 milhões de créditos. O edital está disponível na plataforma Petronect (Oportunidade 7004526249).
Restauração da Amazônia e fortalecimento da economia verde
Anunciado em março de 2025, o ProFloresta+ é uma iniciativa conjunta do BNDES e da Petrobras para incentivar a restauração florestal na Amazônia com remuneração pela venda de créditos de carbono. A meta é restaurar cerca de 50 mil hectares de áreas degradadas e gerar 15 milhões de créditos de carbono ao longo do programa.
O projeto recebeu apoio técnico do NatureInvestment Lab (NIL) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS). Com o suporte do iCS, as instituições Agroicone e Imaflora contribuíram na definição dos critérios de integridade, cobenefícios e salvaguardas socioambientais, enquanto o escritório Mattos Filho prestou assessoria jurídica.
Além de compensar emissões, o ProFloresta+ busca aumentar a cobertura vegetal com espécies nativas, preservar a biodiversidade e fortalecer a cadeia produtiva da restauração florestal. O programa também pretende consolidar o mercado de créditos de carbono no Brasil, estimulando o investimento privado em soluções climáticas de longo prazo.