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      BNDES amplia apoio a Estados e municípios para projetos urbanos sustentáveis

      Banco destina bilhões a crédito e estruturação de projetos sustentáveis, priorizando mobilidade, inovação e adaptação às mudanças climáticas

      Nelson Barbosa apresenta estratégias do BNDES para o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis e resilientes (Foto: André Telles/BNDES)
      Aquiles Lins avatar
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      247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai reforçar o apoio a cidades e Estados na estruturação de projetos que enfrentem os desafios urbanos e climáticos do país. O anúncio foi feito pelo diretor de Planejamento e Relações Institucionais do banco, Nelson Barbosa, durante a abertura do fórum internacional Inovação Financeira para as Cidades: Estruturação de Projetos para Desenvolvimento Urbano Resiliente e Sustentável, que começou nesta terça-feira (26), no Rio de Janeiro. 

      Organizado pelo BNDES e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio do Instituto Clima e Sociedade e da Rio Climate Action Week, o evento reúne representantes de governos, organismos multilaterais e especialistas para debater alternativas financeiras e institucionais para transformar a infraestrutura urbana e torná-la mais resiliente diante das mudanças climáticas.

      Em sua fala, Barbosa destacou os obstáculos que dificultam a elaboração de projetos em nível local. “Muitas vezes, o custo fixo de fazer projetos é muito grande para prefeituras ou governos estaduais”, afirmou. Ele também lembrou das divergências políticas que podem travar o avanço de iniciativas metropolitanas. “É preciso que um agente ajude a coordenar esses projetos. E a área de estruturação de projetos do BNDES vem atuando fortemente nisso, com mais de 200 projetos e interesse crescente na parte de cidades”, completou.

      O diretor detalhou que a estratégia do banco está organizada em três pilares: estruturação de projetos, investimentos diretos em empresas e ampliação das linhas de crédito voltadas à sustentabilidade urbana. Apenas no eixo de investimentos diretos, o BNDES vai destinar cerca de R$ 10 bilhões a iniciativas relacionadas ao desenvolvimento das cidades, abrindo espaço para startups que atuam em digitalização, eficiência energética e novos modelos de urbanismo.

      Na frente de crédito, Barbosa citou o Fundo Clima e o Fundo de Investimento em Infraestrutura Social, que juntos já somam R$ 30 bilhões disponíveis para financiar projetos de transporte limpo, defesa civil, saúde, educação e segurança pública. Segundo ele, esses dois fundos devem dobrar de tamanho no próximo ano, alcançando R$ 60 bilhões. “Um dos grandes carros-chefes do Fundo Clima é a mobilidade urbana, com projetos de transporte sobre trilhos e de eletrificação da frota de ônibus, com taxa de juros incentivada”, destacou.

      Outro programa em andamento é o Cidades Resilientes, no qual o BNDES mapeia investimentos necessários à adaptação urbana diante da crise climática. Barbosa lembrou o exemplo do Rio Grande do Sul e citou projetos já em andamento no Rio de Janeiro e em Recife, incluindo iniciativas de reaproveitamento do patrimônio urbano. Em parceria com o Ministério das Cidades, o banco também apresentou o Estudo Nacional de Mobilidade Urbana, que prevê a expansão da rede de transporte público em 2.500 quilômetros ao longo da próxima década.

      A chefe da representação do BID no Brasil, Annette Killmer, reforçou a importância de fortalecer a infraestrutura urbana para resistir a extremos climáticos. “Essa é uma agenda extremamente importante para as instituições de desenvolvimento”, disse. O BID já aplica R$ 5 bilhões no país em habitação, transporte, mobilidade, água, saneamento e segurança pública. Para ela, é essencial criar modelos financeiros inovadores que ampliem a cooperação entre governos e iniciativa privada.

      O enviado especial das Nações Unidas para Financiamento do Desenvolvimento Sustentável, Mahmoud Mohieldin, chamou atenção para a urgência das adaptações. Segundo ele, ondas de calor nas grandes cidades podem mais que triplicar até 2050. “As ações de iniciativa climática não podem ser isoladas, mas integradas como prioridades transversais em todas as funções governamentais”, defendeu. Mohieldin também sugeriu novos mecanismos de financiamento, como a emissão de títulos verdes municipais.

      Com dois dias de programação, o fórum busca discutir inovações em financiamento e gestão de projetos urbanos sustentáveis, reunindo gestores públicos, bancos de desenvolvimento, empresas privadas e organizações sociais. Entre os destaques da agenda está a participação do cofundador da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé, em painel sobre cidades inclusivas.

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