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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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Washington, cidade purgatório da riqueza e do caos

A intervenção federal instituída por Trump em Washington usando a palavra “embelezamento” (eugenia)

Vista do Capitólio em Washington (Foto: Loren Elliott / Reuters)

Estão chamando Brasília de cidade violenta. Mais violenta que Washington. Mas qualquer coisa dita por Trump tem de ser vista e revista várias vezes, por que na narrativa americana tudo é divulgado para o interesse da Casa Branca.  O conceito de pós-verdade, popularizado pelo Dicionário Oxford em 2016, é onde o fato se torna secundário em relação àquilo que as pessoas querem acreditar como verdade. Nietzsche já dizia que “não há fatos, apenas versões”, mas os países que mais utilizaram essa narrativa foram Austrália, BRASIL, índia, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Sempre esses argumentos falsos proliferam com muita rapidez nas redes sociais e causam danos permanentes, mesmo quando desmentidos tempos depois. Brasília é a segunda capital mais segura do Brasil e tem índices de queda desde 2012 onde o índice de violência chegou a 31,4 vítimas enquanto Washington chegou a 40,4 vítimas.

A intervenção federal instituída por Trump em Washington, onde a prefeita é democrata, está sendo divulgada para expulsar moradores de rua e jovens criminosos, usando a palavra “embelezamento” (eugenia). A crise é muito grande, retração de empregos, população com dependência de diversas drogas como uma epidemia grave e as altas taxas no país do Mickey tem levado muitas pessoas das classes média para a baixa, não podendo honrar com a compra da casa e tendo que morar em carros ou na rua. Isso levou um número de mais de 770 mil pessoas em situação vulnerável. Não está interessado em resolver o problema social ou entender as causas do problema. Essa “varrida” obrigatória será o tubo de ensaio para a expansão do modelo para todo país. E no futuro, invasão da América Latina como tem alardeado exemplos de países como México, Colômbia, Venezuela e Brasil. 

A aposta autoritária não é apenas para os americanos. Ele pretende mudar o mundo. A desculpa de embelezamento se chama Eugenia, o mesmo foi feito por Hitler que em seu livro Mein Kampf (1925), era alardeado as ideias de pureza racial como política governamental. Ainda, quer tirar a autonomia do Banco Central americano, usando um argumento falso de um gasto de reforma do prédio na quantia de três bilhões de dólares, que não é um valor atual e sim ao longo de cinco anos. A guinada cada vez mais autoritária de Trump tem apoio da população onde Steven Levitsky, autor de 'Como as democracias morrem', diz que "o preço dos ovos importa mais do que a invasão do Capitólio". 

A escalada autoritária está dando match com o que conhecemos da década de 1930. Trump concentra poder, onde existe a dificuldade do Brasil em negociar as medidas econômicas. Restrição de liberdade, onde todos que são contrários as suas medidas são afastados de seus cargos. Uso da força, como está sendo feito em Washington com a guarda nacional entrando em ação. Desrespeito ao estado de direito, com prisão de juízes, jornalistas atacados e criação de inimigos. O Wall Street Journal, que não é uma publicação de esquerda, está sendo processada por Trump em 10 bilhões de dólares. Não podemos esquecer os ataques as Universidades que estão em ataque. Hoje, estão defendendo que mulheres não possam votar. Nós conhecemos bem como essa escalada sem limites pode afetar a democracia como um todo. 

Com as mesmas retóricas falsas para justificarem seus intentos e benefícios próprios, fala em censura no Brasil, sem apresentar nenhuma prova e atacando o STF através de sansões contra Alexandre de Moraes. Os mesmos ministros do STF, em que todos os bolsonaristas falam que é de esquerda, esquecem que foi indicado por Michael Temer e votado pelo senado para estar lá. O PT em peso não votou nele e sim toda bancada conservadora. 

Tudo isso para falar que não tem nenhum sinal que essa escalada vai perder força nesse momento e que o Brasil gosta de importar tudo que acontece por lá. O perigo está rondando todo lado sul do hemisfério.

 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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