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Alex Solnik

Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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Voto demolidor

Ficou difícil pro Fux

Ministros no STF (Foto: Luiz Silveira/STF)

Olha, vai ser muito difícil contestar qualquer linha do brilhante e demolidor voto de Alexandre de Moraes, que tirou todas as dúvidas que ainda havia em claro e bom português, a começar da polêmica em torno de punição por dois artigos muito parecidos, o 359 M e o 359 L. Ele explicou muito bem explicadinho que o 359 M diz respeito a tentar golpe de estado dentro do próprio governo, que foi o que fez Bolsonaro em seu mandato, atacando de forma violenta o STF; já o 359 L se refere a derrubar um governo já eleito, que foi o que Bolsonaro tentou depois da vitória de Lula e cujo desfecho foi o 8/1. São dois artigos diferentes, dois crimes e duas punições.

Moraes começou dizendo que não estava em julgamento a tentativa de golpe - até as defesas concordam nesse ponto - e sim a autoria, encadeando os acontecimentos desde julho de 2021, todos realizados com o fim de perpetuar o grupo - a organização criminosa - no poder. Liderada por Jair Messias Bolsonaro. Ele repetiu isso várias vezes. O presidente da República chefiava a organização criminosa.

Mostrou a cronologia do golpe, em 13 episódios fartamente documentados tanto de golpe de estado (contra o STF) quanto o da abolição do estado de direito (impedir o governo Lula), nos quais enquadrou os acusados, revelando o papel de cada um na trama, sem livrar a cara de ninguém, nem daqueles que nos últimos dias vinham sendo apontados como “menos” culpados, como os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio. O voto de Moraes também provou a ligação de Bolsonaro com o Punhal Verde Amarelo, plano de assassinato de Moraes, Lula e Alckmin, abortado aos 45 minutos do segundo tempo, como também o papel de Braga Netto na intermediação do dinheiro do agro para financiar o plano sinistro dos kids pretos.

Também ficou muito bem demonstrado o papel de líder da organização criminosa, Bolsonaro comandou a tentativa de insurreição com seus discursos com ameaças aos ministros do STF, dando instruções aos seus ministros de que deveriam denunciar uma inexistente fragilidade das urnas, convocou a reunião com os embaixadores, mexeu no conteúdo da minuta do golpe, recebeu em suas mãos o plano Punhal Verde Amarelo, tentou cooptar os chefes militares, todas as iniciativas partiam dele, sempre secundado por Braga Netto.

Fux já deu a entender na sessão de hoje estar muito afim de jogar água no chope de Moraes, durante seu voto, amanhã às 9h00, mas vai ter que fazer muito malabarismo jurídico para rebater a aula magna do relator.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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