André Barroso avatar

André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

195 artigos

HOME > blog

Vitória da soberania brasileira na ONU

A política que sempre tenta encontrar uma simplicidade parecida para salvá-la do paradoxo do populismo de extrema direita

O presidente Lula dá entrevista coletiva na ONU (Foto: REUTERS/Bing Guan)

O antagonismo entre Brasil e Estados Unidos foi a tônica dos discursos dos dois países. “Ninguém desafia Trump como o presidente do Brasil”. A manchete do The New York Times, após a taxação de Trump ao Brasil, se tornou exemplo para todos os países. O enfrentamento, a postura de encarar a soberania com decência e procurar sempre o diálogo mas não abaixar as calças para os desejos americanos, são vistos como heroicos. A França, que foi taxada entre 20% a 25%, e o ministro francês da Indústria, Marc Ferracci, que disse que a Europa responderia de "maneira proporcional" e nada aconteceu, viveu uma situação constrangedora, onde a polícia americana parou a comitiva de Macron para que a comitiva de Trump passasse e teve que seguir o caminho todo a pé.

O presidente Lula conseguiu ter o discurso mais forte e corajoso na ONU, sem medo de encarar Trump cara-a-cara. Toda a dúvida que se levantou de enfrentamento, se deu lugar para um Trump que marcou um encontro pessoal com Lula. Mesmo assim, enquadrou os EUA. “O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta Organização está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder. Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a regra.”

Reafirmou, na cara do presidente americano, o papel do Brasil no enfrentamento democrático à extrema direita, que é hoje uma ameaça mundial. John Ikenberry (2018), considera que o internacionalismo liberal sofre de uma crise pelo seu sucesso no pós-Guerra Fria e que teria futuro se fosse reinventado, mas estamos presenciando uma nova ordem mundial de domínio chinês, tendo países ao seu redor demonstrando força econômica como Rússia, Índia e Brasil. E isso incomoda o perdido Trump.

Lula chama a atenção para o extremismo de Israel pelo genocídio. Apesar de França, Canadá e Reino Unido terem recentemente reconhecido a criação do Estado Palestino, Trump defende Israel. Mesmo Benjamin Netanyahu ter afirmado que isso nunca vai acontecer. Afinal o colonialismo funciona de forma diferente, para que pudesse perpetuar sua ocupação e apartheid. Estados Unidos são aliados do genocídio, assim como o Império Britânico desde o início do século XX, quando a Palestina estava sob controle do Império Otomano. Basta lembrar do acordo Sykes Picot, durante a primeira Guerra Mundial, para dividir as terras da Palestinas para si, com a anuência de uma ONU em formação. Para acabar com os indígenas palestinos, moveram o máximo de judeus para aquela terra. Hoje, a divisão da Palestina interessa aos EUA, para levar suas construtoras e domínio americano, inclusive com torres Trump. China, na ONU, chegou a falar ao representante de Israel: “- Se um assaltante de banco usa funcionários e clientes como reféns, você mataria os reféns para poder pegar os assaltantes?” Fica a reflexão.

Lula defendeu a democracia e soberania do país, a paz e contra a fome. Foi aplaudido durante muito tempo. A encruzilhada que estamos vivendo diante do antagonismo de Brasil e Estados Unidos fortalece não só o Brasil, mas todos aqueles que não aceitam mais o fascismo adotado por Trump diante dos dilemas da atualidade. Do lado de Trump está a fome, guerras, genocídio em Gaza, destruição da natureza. Do lado do Brasil está a esperança de respeito aos povos, proteção da Terra e respeito ao cidadão. Trump acusa a ONU sobre a imigração e contra o multilateralismo e a favor que ele salve o planeta. Ele inclusive se auto indicou ao prêmio Nobel da paz.

Nesse momento, somente a física busca uma teoria unificada do Universo. A política que sempre tenta encontrar uma simplicidade parecida para salvá-la do paradoxo do populismo de extrema direita, que desafia conceitos básicos sobre povo, democracia e etc.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

Carregando anúncios...