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      André Barroso

      Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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      Tarifaço. O começo do declínio americano?

      Com crise interna e desafios globais, os EUA enfrentam declínio de influência enquanto países do Sul Global buscam alternativas ao dólar e às tarifas

      Donald Trump (Foto: REUTERS/Annabelle Gordon)

      Os americanos cresceram economicamente, verdadeiramente, após a Segunda Guerra Mundial, quando o mercado europeu estava em frangalhos devido à escassez. E o frango era um produto ao qual o europeu almejava consumir. Os Estados Unidos, com seu excedente, começaram a exportar aos europeus. Isso desagradou os setores locais, que viram nas políticas tarifárias uma solução na nova guerra comercial. Em 1962, foram instituídos impostos de importação do frango e a tensão aumentou. Isso chega a ser tão importante que o presidente Kennedy discutia constantemente sobre Berlim, Laos, Invasão dos Porcos e o frango. Mas, com o assassinato de Kennedy, seu vice, Lyndon Johnson, resolveu endurecer e aplicou tarifas de 25% a produtos europeus. Entre as tarifas de Lyndon Johnson e de Trump, lá se vão 63 anos. Muita coisa mudou no mundo, mas não se aprendeu com o passado.

      A briga tarifária americana com o mundo todo faz sentido neste momento? A dívida pública dos Estados Unidos está, atualmente, em mais de US$ 36,2 trilhões, equivalente a 120% do PIB interno. O consumo interno está desacelerando, com queda de 1,4% em junho. Existe um recorde de pessoas em situação de rua, com 771,4 mil pessoas vulneráveis. Um país com uma guerra às drogas aumentando, com a chegada de um opioide 50 vezes mais forte que a heroína: o fentanil. A moeda americana, que regia as transações comerciais internacionais desde a Segunda Guerra Mundial, está sendo deixada de lado e dando lugar a novos ativos, principalmente entre membros dos BRICS. E, se não há mais a dependência do dólar na economia mundial, menos poder sobre o mundo os Estados Unidos possuem.

      Falando em BRICS, várias alternativas estão sendo tratadas no bloco em referência ao FMI e aos domínios mundiais de controle ocidental. E a irritação é tão grande que agora estão tentando travar o comércio dos países em desenvolvimento, impondo mais tarifas àqueles que fizerem tratados com a Rússia, que ameaça a hegemonia americana. No momento em que começam a existir alternativas econômicas entre países que estão, mesmo com o tarifaço existindo, crescendo, isso incomoda os Estados Unidos. E, para além da guerra econômica, um início do fim pode estar se aproximando, com um colapso não só externo como também interno.

      O mito do American Dream está falindo, em um país que foi construído por imigrantes e agora se vê tentando fazer uma limpeza étnica. E, como parte do lucro americano vem do incitamento de conflitos externos, mesmo sua população precisando de um sistema de saúde como o SUS, financia as guerras. O orçamento militar ultrapassa US$ 1 trilhão, foram gastos US$ 22,76 bilhões em ajuda militar a Israel e armas são fornecidas à Ucrânia.

      O Império Romano, que também abriu os braços para a expansão armada pelo mundo, caiu em declínio não por causa dos gauleses — “aqueles malditos”, como César os chamava em Asterix —, mas por uma crise política interna. Um sistema econômico que estava ruindo, com inflação, aumento de impostos, falta de recursos e escassez de mão de obra. É claro que, externamente, havia as invasões dos visigodos, ostrogodos, vândalos e francos, que buscavam novas terras, mas a divisão entre Ocidente e Oriente foi o principal fator. Mas um império em crise é muito perigoso, pois a resposta sempre vem através da violência, que pode ser armada ou econômica.

      O positivo é que direita e esquerda se uniram a favor da soberania. Enquanto os Estados Unidos atacam e se preocupam com isso, o resto do mundo está correndo atrás de alternativas plurais entre outros pares. Enquanto os americanos se preocupam em atacar o Irã, a China fechou acordo com a África, com tarifa zero. No fim das contas, saímos fortalecidos e trabalhando de forma diplomática para resolver as questões, mas colocando reciprocidade no fim do lápis. Pelo sim, pelo não, fico com a decisão do Instituto Cacique Cobra Coral de dar apenas 50% de apoio climático aos Estados Unidos. Dizem que teve furacão, mas prefiro saber apenas 50% da informação.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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