Tarcísio e a farsa da "pacificação"
Governador paulista faz questão de demonstrar sua devoção ao líder golpista: afirmou que, se eleito presidente da República, concederá indulto a Bolsonaro
É afrontoso ver governadores eleitos por um sistema democrático, defenderem golpistas, como testemunhamos nesta pré-campanha eleitoral de 2026. Quarenta anos após o fim do mandato do último ditador, general João Figueiredo, é desanimador constatar que governadores de extrema-direita, eleitos pelo sufrágio popular, prometerem futuro perdão ao líder da tentativa golpista de 2022/23, o mesmo que tentou solapar o sistema democrático que os elegeu.
Foi duro ver Tarcísio, Caiado e Zema subirem em palanques organizados, não para debater os problemas do país, mas para atacar o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que investiga a conspiração golpista.
Nem mesmo a comprovada articulação contra a soberania nacional, promovida a partir dos Estados Unidos pelo deputado Eduardo Bolsonaro, sensibilizou esses governadores. Seguem firmes na cruzada bolsonarista para garantir a impunidade de um ex-presidente que cometeu o mais grave de todos os crimes contra a Nação: tentar destruir a democracia e impor uma ditadura.
No caso do governador de São Paulo, a lealdade a Bolsonaro fala mais alto que a Constituição. Para Tarcísio, acima da justiça e da democracia está a fidelidade ao seu mentor político. A cada declaração pública, reafirma sua submissão canina ao ex-presidente, trabalhando contra os esforços da imprensa hegemônica que tenta, a todo custo, descolar a criatura do criador.
Em encontro recente com empresários, banqueiros e representantes do mercado financeiro, Tarcísio fez questão de demonstrar sua devoção ao líder golpista: afirmou que, se eleito presidente da República, concederá indulto a Bolsonaro. Para ele, o perdão seria um “preço barato” pela “pacificação” do Brasil. Eis a desculpa.
É esse o valor que o governador paulista dá à democracia: nenhum.
É esse o valor que o governador paulista dá à democracia: nen hum.a “entregar alguma vitória” a Donald Trump para reduzir as tensões comerciais após o tarifaço de 50% imposto pelos EUA. Me ponho a pensar no que mais estaria Tarcísio disposto a entregar, além da democracia? A nossa soberania?
O ditado é certeiro: o fruto não cai longe do pé. Tarcísio é fruto direto de Bolsonaro e aprendeu com ele a subserviência aos Estados Unidos. O mesmo Bolsonaro que bateu continência para a bandeira norte-americana, que foi humilhado ao dizer um “I love you” a Trump, que celebrou a vitória do republicano usando o boné do Make America Great Again. O mesmo que entregou aos EUA a Base de Alcântara, suspendeu a exigência de visto para estadunidenses, abriu mão de taxas sobre o trigo brasileiro e leiloou 75% das reservas do nosso Pré-sal.
Não é difícil perceber quando a campanha eleitoral começa: basta assistir ao jornalismo das empresas do sistema Globo. Lula já é descrito como o “velho” que precisa ser substituído pelo “novo”, ainda que esse “novo” seja apenas o velho fascismo com nova roupagem.
Na democracia, a velha Globo que no passado apoiou desavergonhadamente os presidentes-generais ditadores, os bons candidatos têm sempre o mesmo perfil, são de direita e defendem os interesses do mercado financeiro. Foi assim com o “caçador de marajás”, Fernando Collor e com o candidato fascista que seria um fantoche de Paulo Guedes. Agora temos a versão fake de Juscelino Kubitschek: um falso desenvolvimentista que promete “40 anos em 4”. É muito ilusionismo!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.