STF confirma mais uma derrota para Moro e a finada Lava Jato
Corte confirmou a nulidade de todos os atos da Lava Jato contra o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto
O Supremo Tribunal Federal (STF) impôs, nesta sexta-feira, 15 de agosto, nova derrota ao ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR) ao confirmar a nulidade de todos os atos da extinta força-tarefa da Lava Jato contra o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto.
Por 3 votos a 2, a 2ª Turma manteve decisão monocrática do ministro Dias Toffoli, estendendo a esses réus o entendimento já aplicado a casos como os do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do empresário Marcelo Odebrecht.
Voto decisivo e extensão de efeitos
O desempate veio com o voto do ministro Nunes Marques, que acompanhou Toffoli e Gilmar Mendes. Para a maioria, ficou comprovado que o conluio entre Moro e procuradores do Ministério Público Federal não se restringiu a Lula ou Odebrecht, atingindo também outros acusados, como Palocci e Vaccari.
Conversas obtidas na operação Spoofing mostraram troca de orientações e até sugestões de treinamento a procuradores para audiências, revelando mistura entre funções de acusar e julgar.
No caso de Palocci, a decisão não anula o acordo de delação premiada, mas invalida todas as provas e atos processuais conduzidos por Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba.
Para Vaccari, Toffoli reconheceu nulidade absoluta até da fase pré-processual, citando decisões tomadas em tempo recorde e reuniões prévias entre juiz e acusação na chamada “Operação Pixuleco”.
Divergência no plenário virtual
Os ministros Luiz Edson Fachin e André Mendonça divergiram.
Fachin alegou não haver identidade de fatos entre os processos e defendeu que a extensão só poderia ocorrer mediante análise minuciosa de provas, preservando o devido processo legal.
Mendonça acompanhou essa linha, votando pela revogação da nulidade.
Contexto político e jurídico
Desde 2023, Toffoli acumula decisões que desmontam condenações da Lava Jato com base em provas da Spoofing, que expuseram articulação entre magistrado e acusadores.
Foram beneficiados nomes como Léo Pinheiro (OAS), Marcelo Odebrecht, Alberto Youssef e Guilherme Gonçalves, advogado ligado ao PT no Paraná.
A ofensiva jurídica contra a Lava Jato coincide com o desgaste político de Moro, que tenta viabilizar candidatura ao governo do Paraná em 2026, enquanto enfrenta investigações no Conselho Nacional de Justiça e resistência de antigos aliados.
Lawfare e abuso de poder
O julgamento desta sexta reforça a narrativa de que a Lava Jato, antes tratada como símbolo de combate à corrupção, degenerou em um projeto político-jurídico marcado por abuso de poder.
Ao anular atos contra Palocci e Vaccari, o STF consolida jurisprudência que poderá reverter outros processos derivados de Curitiba, minando o legado judicial que projetou Moro à política.
Ao longo da existência da Lava Jato, entre 2014 e 2021, o Blog do Esmael sempre denunciou as ilegalidades da força-tarefa na capital paranaense.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.