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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor do livro "Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil". Editor da newsletter "Noticiário Comentado" (paulohenriquearantes.substack.com)

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São Paulo de Tarcísio é o nosso modelo de violação de direitos humanos

Assassinatos da Polícia Militar de São Paulo encontram-se no relatório do Departamento de Estado dos EUA, como estão em denúncia já antiga ao TPI

Tarcísio de Freitas (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos que aponta violações de direitos humanos no Brasil é ideológico, chega a ser patético, quando as enxerga no campo da liberdade de expressão e da perseguição política. Trata-se de uma indisfarçada adesão à narrativa dos golpistas nacionais, desesperados com a iminência de condenação do seu líder. Nenhuma surpresa.

Fosse um material direcionado exclusivamente às ações da polícia paulista, sob comando do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, estaria correto em sua ênfase. Os assassinatos da polícia de Tarcísio encontram-se no relatório, como estão em denúncia já antiga ao Tribunal Penal Internacional, mas não deveriam constar embrulhados no mesmo pacote de fakes direcionado ao Judiciário brasileiro, pois reais.

O ano de 2024 viu um total acumulado de 737 homicídios cometidos por PMs em São Paulo, em serviço ou de folga, representando um aumento de 60,2% sobre 2023 e de 86% em comparação a 2022. Mais de 60% dessas mortes foram de pessoas negras.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o aumento da letalidade está ligado a uma política de segurança mais dura, obviamente, com diminuição de controles no uso da força. Em 2023, houve cortes de aproximadamente R$ 37,3 milhões no programa de câmeras corporais da PM e congelamento de verba para combate à violência contra mulheres. 

As famigeradas Operações Escudo e Verão, na Baixada Santista, deixaram ao menos 84 mortos, rendendo denúncias à ONU e a outros organismos internacionais, como a Comissão Internacional de Direitos Humanos da OEA. 

Sobrepor um fictício cerceamento à liberdade de expressão à cruel realidade imposta pela polícia paulista à população negra e pobre faz parte da estratégia bolsonarista comprada pelos Estados Unidos de Donald Trump. Distorcer fatos, inverter lógicas, criar um mundo paralelo são práticas orquestradas pela direita global já bem conhecidas e devidamente desmascaradas. Ocorre que o mundo civilizado ainda não encontrou meio de derrotá-las, pois lideradas pela maior potência bélica do planeta, que a todos chantageia e ameaça.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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