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Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

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Renda extra mensal no bolso do trabalhador contará na hora de avaliar o governo Lula 3 nas urnas

Isenção do IR até R$ 5 mil, aprovada na Câmara por 493 votos, injeta renda no bolso do trabalhador e fortalece a economia para 2026

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita ao Museu das Amazônias, ao Centro Gastronômico e ao Parque de Bioeconomia e Inovação do Parque do Futuro II. Belém - PA. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O trabalhador que recebe até R$ 5 mil por mês terá, em breve, um alívio direto no bolso. A proposta aprovada pela Câmara dos Deputados com 493 votos favoráveis isenta dessa faixa o pagamento de Imposto de Renda, garantindo que o dinheiro que antes ia para a Receita Federal passe a reforçar o orçamento doméstico. O projeto segue agora para o Senado, com expectativa de vigorar já em 2026.

Segundo cálculos do Sindifisco Nacional, quem ganha R$ 5 mil deixará de pagar R$ 312,89 por mês. No acumulado anual, o ganho supera R$ 4 mil. Esse valor extra fará diferença no dia a dia: vai para o mercado, para as contas da casa, para o transporte, para a escola dos filhos. Não se trata de uma mudança abstrata ou distante, mas de uma medida que será sentida mensalmente por milhões de famílias.

A dimensão dessa política é expressiva: serão 10 milhões de brasileiros beneficiados diretamente pela nova faixa de isenção, que se somam aos 10 milhões já contemplados pelas mudanças feitas em 2023 e 2024. Em apenas três anos de governo, 20 milhões de pessoas terão deixado de pagar Imposto de Renda. É a maior alteração na tabela do IR das últimas décadas e um feito que dificilmente passará despercebido quando o eleitorado for às urnas em 2026.

O impacto econômico também é claro. O dinheiro que deixa de ser recolhido pelo fisco não fica guardado: ele circula. Vai para o comércio de bairro, fortalece os serviços locais, estimula a produção. A medida, portanto, não apenas melhora a renda disponível, mas também ajuda a sustentar uma economia que já dá sinais de aquecimento. Trata-se de um círculo virtuoso: mais renda, mais consumo, mais crescimento.

O governo ainda incluiu medidas para manter o equilíbrio fiscal. A proposta prevê tributação mínima de até 10% para salários acima de R$ 50 mil mensais, além de taxar dividendos enviados ao exterior. A lógica é simples: aliviar quem vive do salário e cobrar mais de quem concentra renda. Como explicou o ministro Fernando Haddad, “o que nós estamos fazendo é justamente justiça social. (...) O grande mérito dessa proposta é que ela abre uma avenida para a gente discutir justiça tributária”.

Do ponto de vista político, a votação na Câmara foi reveladora. Em meio a um Congresso fragmentado, reunir quase unanimidade em torno de uma proposta é raro. Foram 493 votos a favor, sinal de que a medida responde a uma expectativa ampla da sociedade. Esse consenso reforça a posição de Lula: entregar renda direta para milhões de famílias é um trunfo que terá peso decisivo nas urnas.

A eleição de 2026, contudo, não será apenas sobre reeleger o presidente. Será também sobre alterar a correlação de forças no Congresso. O governo precisa de uma base mais sólida para avançar em reformas estruturais — desde a justiça tributária até a política industrial e social. O desafio será transformar o reconhecimento conquistado com medidas como a nova isenção em maior representação progressista na Câmara e no Senado.

No fim, o cálculo político é direto: trabalhadores lembrarão do dinheiro a mais no salário quando forem votar. A isenção do IR até R$ 5 mil representa alívio imediato, estímulo à economia e fortalecimento da imagem de um governo que cumpre promessas.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.