Quando o mundo muda, a imprensa olha pro lado
Globo, Folha e Estadão contra o BRICS: a imprensa que combate a soberania e omite o protagonismo de Lula
A Cúpula dos BRICS realizada no Rio de Janeiro representa mais do que um encontro entre chefes de Estado: é parte de um processo de reorganização do poder mundial, com crescimento do Sul Global, avanço de projetos de desdolarização e construção de uma nova arquitetura financeira internacional.
Mas os principais grupos de mídia do Brasil — Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e CNN Brasil — adotaram uma cobertura marcada pela desinformação, pelo preconceito ideológico e pelo viés pró-Ocidente. Manchetes destacaram ausências pontuais (como a do presidente chinês) enquanto ocultaram que os BRICS já respondem por mais de 44% do PIB global em paridade de poder de compra e 56% da população mundial, superando o G7 (dados do FMI, 2024). Ignorar isso em favor de relatos sobre “ausências” é sinal de censura editorial.
Em vez de informar sobre o papel crescente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), sediado em Xangai e atualmente presidido pela ex-presidenta Dilma Rousseff, a imprensa preferiu ironizar protocolos diplomáticos e levantar suspeitas quanto à “efetividade” do grupo. O NDB já financiou mais de US$ 33 bilhões em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países-membros, incluindo linhas de crédito para o Brasil.
Também foi omitido que as trocas comerciais entre Brasil e China atingiram US$ 157 bilhões em 2023, com saldo positivo recorde para o Brasil. Ou que 18 países já formalizaram interesse em aderir aos BRICS, refletindo o apelo crescente do bloco entre países que buscam alternativas ao dólar e às instituições controladas pelo G7.
Tampouco se destacou o que deveria ser óbvio: a presença do presidente Lula como liderança reconhecida na articulação global em favor de uma nova ordem internacional mais justa. Lula tem exercido papel decisivo na reativação do papel do Brasil na diplomacia multilateral, na defesa da soberania dos países em desenvolvimento e na construção de pontes entre América Latina, África e Ásia.
Sob seu governo, o Brasil voltou a ter voz ativa no G20, nos BRICS e na agenda climática, recuperando o respeito internacional perdido durante o ciclo de subserviência externa recente. Lula defende uma reforma das instituições de governança global, como o FMI e o Conselho de Segurança da ONU, e apoia o uso de moedas locais no comércio entre países do Sul — medidas que desafiam a hegemonia do dólar e incomodam os setores mais conservadores da elite global e da imprensa que a representa.
É justamente esse incômodo que explica o comportamento da mídia: sabotam os BRICS porque sabotam qualquer possibilidade de um Brasil autônomo. Querem que sejamos, no máximo, o elo latino de um bloco subalterno aos Estados Unidos e à Europa.
Essa tentativa de esvaziar politicamente o BRICS não é inocente: trata-se de uma disputa ideológica. A grande imprensa brasileira atua como operadora dos interesses que sempre impuseram ao Brasil uma posição subalterna, celebrando visitas do FMI enquanto sabota qualquer articulação fora do eixo norte-atlântico.
A classe trabalhadora precisa refletir: a quem interessa deslegitimar um espaço de cooperação onde o Brasil não é subordinado, mas parceiro? E por que tantos jornalistas e editoriais se incomodam quando o país fala com a África, a Ásia e a América Latina em condição de igualdade?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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