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Valter Pomar

Historiador e integrante da Direção Nacional do PT

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Os BRICS são um tigre de papel?

Dilma analisa o papel dos BRICS diante do segundo mandato de Trump. Os EUA não subestimam o potencial reformista do grupo

(Foto: Gerada por IA/DALL-E)

Recomendo muito a palestra da presidenta Dilma Rousseff, realizada nesta terça-feira (20), acerca dos BRICS.

A palestra pode ser assistida aqui:

Entre os muitos motivos para escutar Dilma, está a análise que ela faz acerca da política implementada por Donald Trump em seu segundo mandato.

Ao mesmo tempo que pontua os impasses e dificuldades do Império, contrapondo os êxitos e fortalezas dos BRICS, em particular da China, Dilma não comete dois equívocos muitos comuns em setores da esquerda: não reduz Trump a uma caricatura, nem trata os EUA como um tigre de papel.

(Aliás, embora sua famosa imagem tenha inspirado muitos desatinos, Mao levava muito a sério o imperialismo).

Acontece que a recíproca é verdadeira: os Estados Unidos tampouco acham que os BRICS sejam um tigre de papel.

Supostamente eles deveriam pensar isso.

Afinal, é preciso muito esforço para encaixar as ações concretas do grupo no modelito "sabotador", "confrontacional", "anti-sistema", "anti-Ocidente" & "eixo-do mal" que frequenta as fantasias de certa direita.

Nada mais natural, portanto, que os EUA reconhecessem o "perfil reformista" dos BRICS.

O problema é que os EUA têm um modo muito particular de ver e agir.

Por exemplo: foram os pais de Bretton Woods, mas quando lhes foi útil, rasgaram unilateralmente o padrão dólar-ouro.

Outro exemplo: foram os pais da globalização neoliberal, mas quando lhes pareceu útil, entraram no modo ‘protecionista-mas-não-toque-no-meu-dólar’.

Noutras palavras, não importa se você respeita as regras do jogo, o que importa é se você ameaça a hegemonia dos EUA.

Por este e por outros motivos, os EUA não têm ilusões acerca da ameaça existencial representada pelos BRICS.

Ameaça existencial que não vem apenas da potência econômica da China e do desafio militar da Rússia, mas também de um ‘Brasil-que-não-aceita-ser-quintal-de-ninguém’.

Motivo pelo qual o governo brasileiro, como anfitrião da próxima cúpula dos BRICS, precisa lembrar que nas relações internacionais não vale o ditado segundo o qual quando um não quer, dois não brigam.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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