O voto histórico do ministro relator Alexandre de Moraes
Teve a habilidade de fazer uma cronologia coerente e demolidora em que os fatos concatenados dão a exata medida do que é uma tentativa de golpe militar!
247 - Foi longo, técnico, político e extremamente detalhado. Teve a habilidade de fazer uma cronologia coerente e demolidora em que os fatos concatenados dão a exata medida do que é uma tentativa de golpe militar!
O voto foi alinhavando atos e fatos, trazendo os réus às cenas dos crimes, não deixando pontos soltos. Mais ainda, o ministro teve a felicidade de romper uma triste tradição brasileira, que é ser pusilânime e omissa na hora de se fazer justiça quando se quebra, ou se tenta quebrar, a ordem legal. Assim, desafiando o passado de contemporização, dos acordos vergonhosos, do "passar pano" para militares, de fechar os olhos para crimes dos de cima, o voto é uma janela para o futuro, um acerto de contas com os medos e as covardias que sempre puseram a democracia em risco ou muito frágil, pronta para cair a qualquer quartelada.
Alexandre de Moraes fez um voto de muito rigor analítico e de rara coragem, sem nenhuma concessão aos temores e ameaças internas e externas que ele, em particular, sofre. Não transigiu, não aceitou nenhuma possibilidade de aliviar para os golpistas, chamando-os, inclusive, pelo nome. Deixou claro que Jair Bolsonaro era o líder de uma organização criminosa e golpista contra o Estado de Direito.
Por si só, esse voto é uma homenagem que reafirma a democracia. Celebra a separação dos poderes e as responsabilidades que cada um tem; é algo inédito e tão importante para o Estado de Direito no Brasil.
Ao final, vota pela condenação de todos os réus, à medida de suas participações e responsabilidades.
Meus cumprimentos e agradecimentos ao ministro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.