O imperialismo business de Trump
Presidente dos Estados Unidos quer fazer de seu país um imenso parque de comércio e negócios. Ele pensa exclusivamente em dinheiro e diversão.
Para além de se empanturrar comendo Big Mac e tomar litros de Coca-Cola, Donald Trump pensa quase que exclusivo em dinheiro. Como fazer os Estados Unidos se beneficiarem financeiramente em seus acordos ou tarifas comerciais? Ele considera ser afronta se importar com o que está acontecendo de mais trágico no mundo nos dias que correm. Se há um genocídio em curso na Faixa de Gaza... diz Trump: ah, vamos fazer desse local “Riviera”, isso trará riqueza a região. Ele esta pensando nas construtoras estadunidenses. Se há crises políticas e sociais complexas no continente africano... ah, vamos distorcer a questão, o que existe, na verdade, é um genocídio branco na África do Sul. Quando disse isso, Trump estava pensando em Elon Musk. Na América Latina,... vamos acabar com as ditaduras em Cuba, na Venezuela e no Supremo Tribunal Federal do Brasil e sancionar o ministro Alexandre de Moraes. Nesse caso, Donald Trump está de olho no petróleo da Venezuela e sonha em ganhar o Prêmio Nobel da Paz, no final do ano. Quando o assunto é as relações internacionais, o presidente dos Estados Unidos somente dará ouvidos a seus interlocutores, por pouco mais de dez segundos, quando essas pessoas balbuciarem a palavra money entre as outras mais importantes: cessar-fogo, conciliação, diálogo, paz e que tais. Ele, em pouco tempo de mandato, acabou com o soft power das agências humanitárias na América do Sul e, agora, fez o tipo machão bom de briga, fazendo monarcas pusilânimes do Oriente Médio aderirem ao jogo. Trump promete apoio político e eles pagam fortuna pelo suporte. Simplesmente compram, compram e compram todo tipo de equipamento militar que a indústria estadunidense oferece sem perguntar o valor pecuniário e muito menos se preocupam com o prejuízo político na região. Com Trump na Presidência dos EUA, em outras palavras, não há mais argumentos diplomáticos lógicos.
Como já afirmou Steve Bannon com a voz firme e gesto nazista, a turma trumpista não vai parar, e tal declaração faz ainda mais sentido nesse momento, após Daniel Noboa, presidente do Equador, ter feito dois pedidos especiais a Trump. Primeiro, apoio militar para combater o narcotráfico em seu país. Depois, o recém empossado, Noboa - eleito sob flagrante fraude eleitoral -, solicitou que grupelhos armados equatorianos entrem para lista de terroristas dos EUA. Como em um show business, a cereja do bolo: o Parlamento do Equador aprovou agora, agorinha, o estabelecimento de bases militares no país. Para que tamanho absurdo ocorresse, a Constituição foi alterada. Não é necessário dizer de qual nação serão os militares que “tomarão conta” do Equador, certo? Ah, sobre a Argentina e El Salvador, Trump não precisa fazer o menor esforço, ambos os títeres Nayib Bukele e Javier Milei, entregarão quaisquer aspecto de seus países com alegria e admiração. Eis a Doutrina Monroe.
Muito bem. O apetite imperialista do Tio San é insaciável, até as faces do Monte Rushmore sabem disso. Mas com Trump, a situação fica rocambolesca, é como ter um convidado desagradável na festa, ninguém quer estar perto dele, mas é necessário aturá-lo. Todas as nações latino-americanas devem estar atentas. Donald Trump seria capaz de confundir o Equador e Irã no Google Maps, mas ele sabe muito bem o quanto pode ser vantajoso aos EUA poder infiltrar soldados, mesmo que débeis, em solo latino-americano. Eis a Doutrina Monroe.
A noção de, a América para os Americanos continua, Donald Trump afirmou que iria nacionalizar o canal do Panamá, ainda no contexto eleitoral. Ele, mentiroso contumaz, desta vez não blefou. Já houve assinatura de “acordo” entre o governo do Panamá e Pete Hegseth, secretário de Defesa estadunidense. O malfadado compromisso assinado pontua que haverá nova regra de compensação de custos pela passagem dos navios de guerra dos EUA pelo canal. Esse é apenas o primeiro passo para que não haja custos e os Estados Unidos possam fazer uso prioritário da via. Mais: haverá reinstalação de bases militares no território panamenho. Eis a Doutrina Monroe.
É fundamental lembrar, nesse sentido, as fantásticas declarações da general Laura Richardson, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos. Ela reconheceu a exuberância do Brasil em recursos naturais e acrescentou que sim, o país faz parte da área de interesse dos Estados Unidos. É evidente que ela quer dizer que “Donald Trump e as empresas estadunidenses do ramo de energia e big tecs têm interesse em desfrutar dos benefícios do petróleo, lítio e da água que há no Brasil. Tudo isso, por óbvio, sem a intervenção da Europa, China ou Rússia”. O presidente dos Estados Unidos pensa em business para o seu país, mas a ele próprio não, somente em casos eventuais, por enquanto. Donald Trump vê a geopolítica como um brinquedo que lhe permite aventuras e muita diversão até cansar. Eis a Doutrina Monroe atualizada por Trump.
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