O desafio de envelhecer com dignidade no Brasil
O envelhecimento acelerado da sociedade impõe um grande desafio: superar o etarismo, o preconceito com base na idade
O tema da redação do Enem deste ano, “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, não poderia ser mais oportuno. Os dados do Censo do IBGE apontam para um crescimento significativo da população idosa no país. As pessoas com mais de 60 anos representam hoje cerca de 16% dos 212 milhões de habitantes, e as projeções indicam que, em 2040, a chamada “terceira idade” corresponderá a um quarto da população brasileira.
O envelhecimento acelerado da sociedade impõe um grande desafio: superar o etarismo, que é o preconceito com base na idade. No Brasil, a maioria dos idosos vive com aposentadorias irrisórias, insuficientes para garantir uma vida digna e saudável, justamente no momento em que os cuidados com a saúde se tornam mais necessários. Além disso, conseguir um emprego para complementar a renda é tarefa quase impossível. A discriminação etária no mercado de trabalho reforça a exclusão social e aprofunda desigualdades históricas.
Num país que valoriza a juventude como sinônimo de produtividade e sucesso, o idoso muitas vezes é visto como um peso, e não como alguém que acumulou saberes e experiências fundamentais. Esse olhar excludente desumaniza e empobrece a sociedade como um todo. O etarismo não apenas marginaliza, mas também afeta diretamente a saúde mental e física dos mais velhos, podendo causar depressão, solidão e declínio cognitivo.
Mais do que garantir políticas públicas de amparo, é urgente construir uma cultura que valorize o envelhecimento como parte natural e rica da vida. Respeitar e incluir o idoso é respeitar a própria trajetória da sociedade brasileira, um país que, inevitavelmente, está envelhecendo e precisa aprender a envelhecer com dignidade.
Nas comunidades indígenas, o pajé, o mais velho da tribo, é reverenciado por sua sabedoria, por carregar o conhecimento ancestral, a tradição oral e os costumes de seu povo. O respeito ao tempo vivido é o que mantém a memória coletiva e orienta o futuro.
Nesse sentido, vale lembrar que o presidente Lula, ao completar 80 anos, simboliza essa força da experiência. Ele é um exemplo vivo de que a idade não é um limite, mas um legado. O “pajé” da tribo Brasil segue sendo, com sua trajetória, um dos chefes de Estado mais respeitados do mundo, prova de que o envelhecer pode ser também um ato de resistência, sabedoria e renovação.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.



