O contragolpe da democracia em quem viveu pelo golpe
'A democracia deu um contragolpe histórico', escreve o colunista Tiago Barbosa após a condenação de réus da trama golpista
Do golpe, fez inspiração. Exigiu mortes, desdenhou de desaparecimentos, cuspiu na memória e na dor de vítimas e famílias.
Do golpe, fez palanque. Elogiou a tortura, criminalizou adversários, combateu a verdade, recrutou vivandeiras e milicos.
Do golpe, refez doutrina. Recriou falsos moralismos, militarizou o governo, pregou ódio, armou, instigou, violentou a lei.
Do golpe, replicou desprezo. Pela cultura, arte, diversidade, ciência, prudência, vacina, medicina, na sina de matar.
Do golpe, covas de desaparecidos anônimos viraram covas anônimas de um genocídio.
Pelo golpe, militou. Desrespeitou voto, desaprovou urnas, deslegitimou escolhas, desacatou a justiça, desorientou o país.
Pelo golpe, transgrediu. Obstruiu votação, obstacularizou liberdades, obcecado pela obtenção do poder sem óbice ou limites.
Ao golpe, recorreu. Plano de assassinatos, planejamento de tirania, planificação para usurpar o Estado e reimplantar covardias.
Sem golpe, apelou. À viralatice, à trairagem, à impunidade, à chantagem colonial contra o país, o brasileiro, a soberania, o patriotismo.
Pelo golpe, viveu e agora se foi no contragolpe histórico da democracia.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
