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Julimar Roberto

Comerciário e presidente da Contracs-CUT

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Na disputa com Trump quem cresceu foi Lula

O Brasil não é quintal de ninguém. Não aceitamos mais a velha lógica de que devemos calar e aceitar, enquanto potências impõem sanções, chantagens e retaliações

Lula e Donald Trump (Foto: ABR | Reuters)

Não é segredo para ninguém que Donald Trump é um bilionário autoritário, vaidoso, imprevisível e profundamente agressivo quando se trata de defender os interesses dos Estados Unidos e sua própria vaidade — mesmo que isso signifique pisotear acordos, alianças e, sobretudo, a soberania de outros países. Por isso, quando o presidente norte-americano anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, não foi difícil enxergar que ali havia mais do que uma decisão econômica. Era provocação. Era pressão. Era tentativa de desestabilizar o Brasil. E, claro, atender aos melindres da direita que, em nosso país, segue representada pelo clã Bolsonaro. Mas como quase sempre acontece com Trump, o galo canta mais alto do que bica. E o recuo foi vergonhoso.

Não foi qualquer ajuste. A lista de exceções anunciada pelos EUA é gigantesca. Ficaram de fora aviões, helicópteros, peças e motores, suco de laranja, aço, ferro, alumínio, cobre, castanhas, fertilizantes, móveis, madeira, celulose, energia e combustíveis. Ou seja, os principais produtos da balança comercial brasileira com o gigante do Norte escaparam do tarifaço.

Foi um recuo evidente, ainda que disfarçado sob jargões técnicos e frases de efeito. É o velho jogo de quem ameaça, grita, cria crise — e depois recua para evitar o estrago dentro de casa. Mas não sem deixar um mimo ideológico para seus aliados. Para não ficar mal na fita com a ala bolsonarista, Trump meteu sanções contra Alexandre de Moraes usando a tal Lei Magnitsky – desconhecida pela maioria da humanidade - que na prática não terá impacto real sobre o ministro do STF, mas serve de espetáculo barato para alimentar os babões órfãos de narrativa.

Do outro lado, Lula fez o que se espera de um chefe de Estado. Manteve a calma, articulou diplomaticamente e não abaixou a cabeça. Recusou-se a recuar diante da pressão, não piorou o conflito, mas também não cedeu. Mostrou ao mundo que aqui tem governo, tem comando e tem soberania, afirmando em alto e bom som que “o Brasil não é mais colônia”. E o povo reconheceu que não temos mais um borra-botas no comando da nação, temos um estadista respeitado e mundialmente aclamado.

Em contrapartida, dados recentes mostram que a aprovação de Lula subiu durante essa crise. A confiança na economia cresceu, a imagem do governo melhorou, e a comparação com o governo anterior só evidenciou o abismo entre um presidente que defende o país e um ex-presidente que conspirava com Trump pelas costas do Brasil. Enquanto Lula aparece com vantagem clara em todos os cenários eleitorais para 2026, Bolsonaro derrete em rejeição. E não é por acaso.

As tentativas de desestabilização vindas de fora, endossadas por aliados do bolsonarismo, foram derrotadas não apenas pela habilidade política do governo, mas também pela maturidade do povo brasileiro. A sociedade entendeu que o que está em jogo vai muito além de uma simples disputa comercial. Trata-se de uma luta entre soberania e subserviência, entre democracia e autoritarismo, entre um projeto de país e a volta ao papel de colônia.

O Brasil não é quintal de ninguém. Não aceitamos mais a velha lógica de que devemos calar e aceitar, enquanto potências impõem sanções, chantagens e retaliações. E não aceitamos mais que traidores da pátria conspirem com estrangeiros para sabotar nossas instituições e nossa democracia.

Trump recuou. Lula cresceu. Bolsonaro será preso. E o Brasil venceu mais essa batalha. Porque tem lado, tem projeto e, acima de tudo, tem muita coragem.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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