Lula vê o que Zelensky não quer: os fracos ainda sofrem o que devem
"Defender a soberania é obrigação. Mas somente a paz garantirá que a Ucrânia sobreviva como país soberano", disse Lula
Por que a fala de Lula de 2024 a Zelensky sobre a guerra na Ucrânia é mais realista e estratégica do que os discursos inflamados do ex-ator ícone do pop ocidental que encarna o papel de herói trágico: uniforme verde-oliva, falas emocionadas, promessas de vitória e imagens cuidadosamente construídas para os jornais do mundo? Zelensky acredita que pode resistir à Rússia como se fosse Esparta contra o Império Persa. O problema? Ele não é Leônidas. E Moscou não é exatamente um império decadente. Pelo contrário, é um país fortalecido. Zelensky age como se a história estivesse esperando por ele.
Para entender, basta recorrer à sabedoria antiga – e, ao olhar pragmático do homem comum. Como diria Tucídides, — general e pensador político da Grécia Antiga foi fundador da teoria realista — em sua crônica imortal da Guerra do Peloponeso, o mundo não é guiado por intenções nobres. É regido pelo cálculo frio do poder. E, nesse cálculo, a Ucrânia não vai derrotar a Rússia.
Lula, com sua trajetória forjada na política real e como Tucídides, parece reconhecer a tragédia da guerra e os limites morais diante da lógica de poder. Enquanto isso, do alto de sua experiência política, Lula disse em 2024 algo tão simples quanto profundo: “defender a soberania é obrigação. Mas somente a paz garantirá que a Ucrânia sobreviva como país soberano”. Lula reconhece que a paz é uma necessidade estratégica. Em outras palavras, sabe que o mundo não se move por idealizações, mas por correlações de força.
Assim como Atenas e Esparta travaram uma guerra existencial, Ucrânia e Rússia estão envolvidos em um conflito onde a soberania e a sobrevivência estão em jogo. Lula, ao contrário de Zelensky, compreende outra lição fundamental de Tucídides: a guerra não escolhe os justos, apenas os espertos. Esparta venceu Atenas não por princípios, mas porque soube explorar seu desgaste interno — político, social e militar — e não hesitou em recorrer ao apoio persa para financiar sua marinha e quebrar a hegemonia naval de Atenas. Porém, é a Rússia, que possui a maior profundidade estratégica, recursos naturais e apoio diplomático de potências como China e Irã, e segue firme no cálculo de desgaste. Zelensky, ao insistir em prolongar um conflito sem horizonte claro, pode terminar como Péricles — eloquente, mas tragicamente cego para custo estratégico da Ilusão.
Ao defender a paz, Lula não está sendo neutro e não está lavando as mãos, mas dizendo que a sobrevivência nacional está acima de qualquer bravata moral. A paz é condição estratégica para a sobrevivência — e não apenas um ideal moral. Porque a verdadeira liderança, em tempos de ruína, é a que oferece uma porta de saída.
Zelensky pode continuar colecionando aplausos em parlamentos ocidentais. Mas quem vai reconstruir a Ucrânia serão os que restarem — se restarem. E quando esse dia chegar, será inevitável reconhecer que a razão esteve, desde o início, com quem disse que só a paz salva. Como já advertia Tucídides, ao relatar a brutal lógica da guerra entre Estados: “Os fortes fazem o que podem, e os fracos sofrem o que devem”. Lula compreendeu isso — e por isso propõe, com coragem, aquilo que realmente pode salvar vidas.
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