Lula tira o Brasil do Mapa da Fome e mostra novamente que justiça social exige presença do Estado
Reconhecimento da ONU comprova que o combate à fome passa por políticas públicas robustas e pelo fim do desmonte social iniciado em 2016
O anúncio feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), de que o Brasil deixou novamente o Mapa da Fome, é uma vitória retumbante da dignidade humana e uma prova incontestável de que políticas públicas consistentes, orientadas pela presença do Estado, são capazes de transformar realidades. O anúncio foi feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), nesta segunda-feira (29), durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, realizada em Adis Abeba, na Etiópia. Com base na média do triênio 2022-2024, o país ficou abaixo do índice de 2,5% da população em situação de subalimentação. Um feito histórico, alcançado em apenas dois anos do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Mapa da Fome é um dos principais instrumentos globais de diagnóstico da insegurança alimentar. Para compô-lo, a FAO adota como critério central a Taxa de Prevalência da Subnutrição (PoU), calculada com base em três fatores: a oferta total de alimentos no país, a capacidade de acesso da população a esses alimentos (via renda) e a quantidade mínima de calorias recomendadas para uma vida saudável. A média desses dados no triênio mais recente — 2022, 2023 e 2024 — apontou que o Brasil conseguiu reduzir a subalimentação para menos de 2,5% da população. Assim, o país foi oficialmente retirado da lista da vergonha, que voltara a integrar desde 2018.
Esse índice global representa, na prática, a reversão de um quadro alarmante. Dados nacionais do IBGE indicam que, apenas em 2021, mais de 29 milhões de brasileiros enfrentavam insegurança alimentar grave. Em 2022, o Brasil ainda vivia uma das piores crises alimentares de sua história recente. Em menos de dois anos, o governo Lula tirou 24 milhões de pessoas dessa condição. A fome, que havia voltado a assombrar o país nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, foi novamente enfrentada com firmeza pela via do Estado.
O contraste entre períodos é gritante. Em 2014, o Brasil havia saído do Mapa da Fome pela primeira vez, durante o governo Dilma Rousseff, após uma década de investimentos em políticas como o Fome Zero, o Bolsa Família, o Sistema Nacional de Segurança Alimentar (Sisan) e o Consea. A ruptura institucional de 2016, com a destituição da presidente Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade comprovado, marca o início de um ciclo de retrocessos. Com Temer e Bolsonaro, programas foram desmontados, orçamentos sociais foram cortados e a fome voltou.
O retorno ao mapa da ONU entre 2018 e 2020 foi o reflexo direto dessa inflexão neoliberal, que minimizou o papel do Estado e agravou as desigualdades. No final de 2021, com Bolsonaro na presidência, mais de 10% da população brasileira estava subalimentada. Enquanto isso, as políticas públicas eram desarticuladas, os dados ignorados e o discurso oficial promovia a falsa ideia de que bastaria “o esforço individual” para superar a miséria.
A reversão desse quadro exigiu decisão política. Sob o lema “Comer bem é um direito”, o governo Lula articulou um conjunto robusto de ações: a retomada do Bolsa Família, o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a reativação de mais de 2 mil cozinhas solidárias, o apoio à agricultura familiar, a ampliação do acesso à água potável com o Programa Cisternas, a valorização dos saberes alimentares dos povos tradicionais e o investimento na agricultura urbana.
O impacto é comprovado nos indicadores. A pobreza extrema caiu a 4,4% em 2023, o menor patamar histórico. O desemprego está em 6,6%, a renda dos mais pobres cresceu mais do que a dos mais ricos, e o índice de Gini — que mede a desigualdade — atingiu seu nível mais baixo desde o início da série histórica. Em 2024, 98,8% das novas vagas com carteira assinada foram preenchidas por brasileiros inscritos no Cadastro Único do governo federal — ou seja, a população mais vulnerável está sendo priorizada na retomada do emprego formal.
Ainda que o Brasil avance de forma consistente na superação de suas chagas mais profundas — a fome, a pobreza e a desigualdade — uma parte expressiva da sociedade ainda mantém apoio a líderes da extrema-direita. Isso revela a profundidade das feridas abertas pela ruptura democrática de 2016 e pela radicalização política que a sucedeu. O bolsonarismo não produziu apenas fome: produziu ressentimento, desinformação e corrosão institucional.
A saída do Brasil do Mapa da Fome demonstra que políticas que fortalecem o estado no combate às desigualdades são o melhor caminho para o Brasil. Ao mesmo tempo em que desnuda, demonstra novamente que o neoliberalismo selvagem, o capitalismo desenfreado implantado no Brasil com o Golpe de 2016, não favorece o conjunto do país, mas apenas uma minoria ínfima que lucra com as riquezas que deveriam ser para todos. Portanto, o reconhecimento internacional da FAO é a demonstração inequívoca de que o caminho da justiça social é viável, eficaz e urgente. Para não voltarmos atrás, é preciso garantir que o projeto iniciado por Lula tenha sequência. Reeleger esse governo é escolher um modelo de país onde todos tenham direito ao básico: comida no prato, dignidade na vida e esperança no futuro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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