Lula reverte tarifaço, dobra Trump e lidera sucessão 2026
Lula se voltou ao essencial: defender a unidade latino-americana; ela é a força necessária para vencer o imperialismo e jogar o tarifaço na lata de lixo
Para dobrar o imperador Donald Trump, revertendo o tarifaço, o presidente Lula mostra, na Malásia, na reunião da Asean, que o essencial é garantir a governabilidade que cuida do povo e abre espaço ao multilateralismo, em vez de priorizar guerras e confrontos que aprofundam ainda mais a decadência capitalista ocidental; ao mesmo tempo, o presidente cuida de alertar Trump que abrir guerra contra a América Latina, para destruir a experiência socialista bolivariana venezuelana, apenas, aprofundará o caos que acelera o fim do unilateralismo americano, com consequente transferência da hegemonia econômica global para a China, que, atualmente, puxa a dinâmica desenvolvimentista asiática, afundando, consequentemente, a outrora hegemonia americana; Trump cai na real e diz que é uma satisfação conversar com Lula; muda-se, dessa forma, o rumo dos acontecimentos, porque o tarifaço se revela tiro no pé para os interesses dos Estados Unidos.
O discurso do presidente Lula na Malásia é um primor de humanismo que impactou o imperador americano; antes do encontro com Trump, destacou ao presidente malaio, Mahathir Mohamad, o que considera o papel do líder político: sua função essencial é de cuidar, não de governar o povo; nessa tarefa, sua preocupação, do ponto de vista social e econômico, é inserir os mais pobres no orçamento público, garantindo-lhe atenção à sua demanda essencial: a alimentação, a moradia, a saúde e a educação.
Lula se mostra, na Ásia, como produto de sua própria história: veio do mundo da fome; comeu pão pela primeira vez aos sete anos de idade; aprendeu, como operário de indústrias paulistas, que a prioridade do capitalismo não é o social, mas o econômico; o essencial, do ponto de vista do capitalista, é a sustentabilidade do lucro crescente do capital, a demanda do empresário, da propriedade privada, não a estabilidade do padrão de vida do trabalhador, que gera a riqueza por meio da força de trabalho; nesse sentido, a verdadeira grandeza do valor da força de trabalho, o oxigênio que sustenta e multiplica o capital, não é devidamente valorizada; ao contrário, é permanentemente desvalorizada pelas longas jornadas de trabalho forçadas para que produza mais valor, sem a devida correspondência em forma de remuneração.
DISCURSO DA PRÁXIS LULISTA
O discurso asiático de Lula é produto da sua lição de vida extraída da prática da exploração do trabalho pelo capital, que o fez líder em busca do oposto: a valorização do trabalho como forma de se alcançar a justiça social.
Na Ásia, onde se desenvolve, atualmente, a vanguarda desenvolvimentista global, puxada pela China, Lula se pôs como líder proletário, dirigente sindical e líder político, que acreditou na democracia como força de libertação; fundou um partido para os trabalhadores, a fim de organizá-los na condução ao poder em defesa da supremacia dos seus direitos relativamente aos direitos estabelecidos pelo seu adversário de classe, a burguesia que os explora, com a qual, porém, é obrigado a conciliar em nome de correlação de forças.
O discurso de Lula, na Asean, é a expressão do desenvolvimento da luta de classes; desde sua chegada ao poder, em 2003 – alcançando, a partir daí, no comando do PT, cinco mandatos - ele adquiriu a consciência de que o seu partido, sim, está no poder, mas, efetivamente, não governa; as forças do capital, que nesse período(2003-2016), predominam amplamente nos poderes legislativo e judiciário, resistem, encarniçadamente, às demandas sociais por meio de orçamentos que distribuem desigualmente as riquezas nacionais criadas pelos trabalhadores; nessas circunstâncias, à esquerda, às forças do trabalho, como criação da grandeza do valor, sobra a tarefa de administrar, de forma insatisfatória, as demandas que os trabalhadores reivindicam para si.
NEOLIBERALISMO SUBJUGA O PETISMO
No período histórico de domínio político petista, as forças do capital demonstram sua total resistência às conquistas dos trabalhadores, em defesa da valorização da força de trabalho; elas cuidam, em nome dos seus interesses de classe, de suprimi-las, como fazem a partir do golpe neoliberal de 2016; daí em diante, investem contra os direitos sociais constitucionais, como vitória do nacionalismo, inaugurado com a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas e os tenentistas; com o golpe, dado por maioria parlamentar, apoiada pelo judiciário e mídia conservadora, porta-vozes dos interesses do capital nacional e internacional coligados, caíram por terra as conquistas nacionalistas, que conseguiram perdurar durante a ditadura militar de 1964; os golpistas reverteram o nacionalismo e impuseram, mediante imposição de Washington, o neoliberalismo.
Realidade implacável: Lula volta ao poder, em 2022, para mais uma vez ocupar o poder, porém, sem conseguir governar, soberanamente; os golpistas transferiram o poder efetivo do executivo para o legislativo, que, governa de fato, por meio de semipresidencialismo inconstitucional, manipulado pela maioria conservadora de direita e ultra direita, que havia governado na era fascista bolsonarista(2018-2022).
ESCRAVIDÃO FINANCEIRA EM CENA
Lula retorna em 2022 com o discurso social para administrar forças determinantes do capital sobre as quais, no entanto, não tem força política para conduzi-las em favor dos interesses dos trabalhadores; na prática, é conduzido, o que demonstra que nunca, na história brasileira, a força de trabalho esteve, no período capitalista, tão fraca e subjugada, como agora; vigora, atualmente, no Brasil, o mais baixo salário da América Latina; o poder de compra dos salários perderam a capacidade de dinamizar mercado interno, sustentavelmente; por isso, a classe capitalista, diante do empobrecimento e do crônico subconsumismo dos trabalhadores, que ameaçam, crescentemente, sua taxa de lucro, levando-a à caída permanente, buscam socorro sistemático do governo em forma de subsídios fiscais, subvenções, perdão de dívida, sonegação e evasão tributária.
São transferidos aos capitalistas da produção e das finanças cerca R$ 700 bilhões em incentivos fiscais, anualmente; assim, o déficit público cresce, incontrolavelmente, porque os salários dos trabalhadores são muito baixos; consequentemente, os juros, no Brasil, são os mais altos do mundo, fruto do arrocho salarial para combater inflação, conforme ponto de vista do capital; o resultado é uma dívida pública que cobra perto de R$ 1 trilhão em juros e amortizações; a escravidão financeira é o resultado prático da especulação.
A Lula, rendido pelo discurso do poderoso mercado financeiro, conduzido pela Faria Lima, resta fazer o que disse no discurso da Malásia: cuidar dos mais pobres, condenados à miséria pela financeirização escravocrata, que inviabiliza a governabilidade soberana sustentável.
Nesse cenário de horror financeiro, o titular do Planalto luta para garantir no orçamento da União, dominado pelo rentismo, as migalhas orçamentárias para favorecer programas sociais distributivos de renda, porém, insatisfatórios: Bolsa Família, Farmácia Popular; Minha casa Minha vida(financiada a juro de 1,95%/ mês, que capitalizado, alcança cerca de 30%, o dobro da Selic, o juro básico mais alto do mundo...) etc.
FAVORITO PARA 2026
No entanto, a poderosa retórica lulista, mesmo diante da adversidade que enfrenta, faz tremer seus adversários; com o pouco que lhe resta de orçamento público, amplamente, dominado pelas forças financeiras, consegue cuidar dos pobres; isso está lhe garantindo o favoritismo na disputa eleitoral de 2026, segundo apontam todas as pesquisas de opinião.
Eis a força que lhe possibilita ser respeitado pelo imperador Donald Trump, que admitiu voltar atrás no tarifaço contra o Brasil; Lula demonstra a Trump que não é negócio para os Estados Unidos firmar discurso unilateralista, porque sem o comércio com o Brasil, a economia americana não tem sustentabilidade.
Confiante nessa lógica dos novos tempos em que o capitalismo americano bate biela, Lula tenta convencer Trump que, também, não é negócio para os americanos abrir guerra contra a América do Sul, para punir, com argumentos mentirosos, a Venezuela bolivariana, que luta para afirmar o socialismo chavista no século 21.
Com seu discurso humanista, na Malásia, Lula se voltou ao essencial: defender a unidade latino-americana; ela é a força necessária para vencer o imperialismo e jogar o tarifaço na lata de lixo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.



