Lula indicará ministro do STF para fortalecer democracia e não adianta setores da esquerda impor nomes
Lula deve decidir sozinho a indicação de um ministro para o Supremo. A verdade é que a escolha de ministros do STF é uma prerrogativa do presidente da República
Impressiono-me e considero uma imprudência, desfaçatez e falta de amadurecimento político de certos setores da esquerda, que insistem em um tempo de polarização e radicalização política em fazer reivindicações e pressões, inadvertidamente, para terem seus desejos perante seus “mundinhos” políticos e sociais atendidos, quando a parada é outra e maior, quando se trata de nomear, de preferência com alta taxa de acerto, o ministro do STF que vai ocupar o lugar do ministro Luiz Roberto Barroso.
O magistrado, que foi indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff, resolveu antecipar sua aposentadoria antes de completar os 75 anos, idade limite para que os ministros do Supremo deixem suas cadeiras, conforme apregoa a lei. Tais setores esquerdistas, mesmo que saibam dos atropelos, golpismos e violências da extrema direita desde 2013, quando ela passou a ocupar as ruas e a perder a vergonha na cara, se algum dia a direita teve. Porém, pessoas de esquerda insistem no erro quanto à indicação de ministro da Corte Suprema, a meu modo ver, por falta de visão política e assim vacilar quanto a enxergar o macro, o todo, que é o que estará em jogo nas eleições presidenciais de 2026.
Trata-se do óbvio ululante que muita gente de esquerda não vê ou não se interessa em ver por pura teimosia e também radicalismo político e ideológico infanto-juvenil. Não é possível que esses grupos não veem como é necessário esperar pela decisão de Lula quanto à escolha de ministro para o STF, porque um movimento errado poderá fazer com que um futuro governo progressista possa ter dificuldades no que concerne até mesmo aos atos administrativos mais simples e corriqueiros, além de garantir estabilidade institucional, como disse anteriormente.
O povo brasileiro ainda vive um grave momento político após a tentativa de golpe do 8 de janeiro de 2023, porque no Brasil ainda está a atuar uma extrema direita sabotadora do País em todos os sentidos. Por isso, é imperativo que a sociedade civil organizada reaja às ações insanas dos fascistas por meio de setores e segmentos democratas, a fim de derrotar uma extrema direita que prejudica sistematicamente os interesses do País e que, perigosamente, tem maioria no Congresso Nacional e nos governos estaduais.
Portanto, não é aceitável que setores da esquerda estão a viver em uma cegueira absoluta e, por sua vez, não percebem que o presidente Lula precisa ter paz e tranquilidade para escolher um nome alinhado com o pensamento democrático, legalista e a favor de um Brasil soberano e independente para ocupar cadeira no STF, de maneira, ressalto novamente, a proteger os interesses da Nação, a Constituição, o estado democrático de direito e a democracia.
Alguns nomes favoritos para assumir cadeira no Supremo já são veiculados pelos inúmeros meios de comunicação, mas a verdade é que Lula está sob os olhares de aliados de diversos setores que teimam em priorizar e apresentar nomes ligados às questões identitárias, raciais, de gênero, dentre outras, quando, na verdade, o que importa mesmo nesse momento complexo pelo qual passa o Brasil é que o ministro da Suprema Corte a ser escolhido tem de ser um juiz combativo, corajoso, independente e que tenha conhecimento jurídico e sensibilidade social para entender que a democracia brasileira e os interesses do povo brasileiro são inegociáveis e assim jamais flertar com casuísmos e golpismos como fizeram no decorrer dos últimos anos alguns ministros que estão ainda na ativa e outros que já deixaram o STF.
Até hoje, mesmo após a prisão dos golpistas do dia 8 de janeiro e da condenação de Jair Bolsonaro e dos integrantes de sua organização criminosa, todos os setores sociais e econômicos do País estão sendo diariamente sabotados pela escória que tomou conta do Parlamento nacional e da maioria dos governos dos estados. Neste momento, a dura realidade é que a população brasileira tem sido vítima do Centrão e da extrema direita bolsonarista, porque em praticamente todas as votações no Congresso, principalmente na Câmara, os projetos de lei que beneficiam a população e o País são rejeitados.
Trata-se de uma estratégia colocada em prática pelos deputados bolsonaristas com o propósito de dar continuidade ao processo golpista iniciado antes do golpe contra Dilma Rousseff, em um golpismo afrontoso e às claras nas redes sociais e em todos os fóruns de atividade política e social onde essa extrema direita bolsonarista possa agir e atuar como um verdadeiro câncer.
Por sua vez, não é de bom tom que parte da esquerda não perceba o quão é perigoso neste momento insistir em nomeações à gosto ou palatáveis para o STF, quando sabemos que o presidente Lula não pode errar na indicação e deve, no meu ponto de vista, decidir sozinho e em paz, porque a verdade é que a escolha de ministros do STF é uma prerrogativa do presidente da República, intransferível e inegociável. Lula tem que escolher o próximo ministro do mais importante tribunal do País como fez nos casos de Cristiano Zanin e Flávio Dino, que se somaram a outros ministros, a maioria legalista, para combater o golpismo de ordem fascista no Brasil.
Aconteceram erros e equívocos graves no passado quanto às escolhas para ministros do Supremo e de procuradores-gerais para comandar a PGR. E deu no que deu: ministros alinhados com o que de pior tem no Brasil, o Centrão e a extrema direita bolsonarista, assim como tais pessoas escolhidas, de uma maneira ou outra, participaram de sabotagens aos governos do PT, além de serem cúmplices e atores do golpe de estado de 2016, bem como cooperaram frontalmente para que Lula fosse injustamente preso sem ter cometido quaisquer crimes, como foi depois comprovado.
Aliás, Lula e Dilma não incorreram em quaisquer crimes, sejam eles crimes comuns ou de responsabilidade. Quem cometeu crimes comprovadamente foi Jair Bolsonaro, de acordo com os autos dos processos, com as denúncias, com o relatório final da PGR e com as investigações da Polícia Federal, realidade que levou Bolsonaro e seu bando de malfeitores a serem condenados a quase 30 anos de cadeia. Uns, mais; outros, menos.
Para concluir, Lula certamente conversará com as pessoas mais próximas para ouvir opiniões e sugestões de nomes para o STF, mas a decisão será dele, e sozinho. Entretanto, na minha opinião, Lula deveria escolher logo um nome ainda esta semana, realizar a indicação de um homem ou uma mulher que sejam alinhados aos interesses do Brasil, que não sabote o governo e não se alinhe ou passe a apoiar os grupos de extrema direita de essências fascistas e de modos entreguistas e golpistas.
A direita e a extrema direita brasileiras são representantes históricas da burguesia, do status quo, não têm e nunca tiveram responsabilidade para desenvolver a Nação, assim como jamais tiveram respeito pelo Brasil e pelo povo brasileiro. A direita não tem projeto de soberania e desenvolvimento para o País e jamais teve em qualquer momento da história. O único projeto é desmontar o Estado brasileiro e fazer dele uma plataforma para atender os interesses econômicos da burguesia nacional e de potências estrangeiras, a servi-las com subserviência, pois lacaia que é.
Por isso, parte da esquerda tem de sair desse estado infanto-juvenil que não leva a lugar nenhum, a não ser à derrota da democracia e ao fim do estado democrático de direito, como tentaram por meio do golpe de 8 de janeiro de 2023 e a prisão injusta de Lula com a cumplicidade de juízes do STF, quando o tribunal virou o “Supremo Com Tudo”.
Não adianta parte da esquerda especular sobre a escolha do magistrado, nem querer impor nomes. Lula nomeará o próximo ministro do STF com a finalidade de fortalecer a estabilidade institucional, a democracia e assim também combater arroubos golpistas no Brasil. É isso aí.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.