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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Lula e Kirchner agitam ideologicamente América Latina pró-China e anti-EUA

Encontro Lula-Cristina Kirchner, a acontecer nas próximas semanas, une o lulismo ao peronismo para lutar contra o fascismo latino-americano ultradireitista

Lula e Cristina Kirchner (Foto: Ricardo Stuckert)

O encontro Lula-Cristina Kirchner, a acontecer nas próximas semanas, une o lulismo ao peronismo para lutar contra o fascismo latino-americano ultradireitista, fomentado pelo presidente Trump.

A esquerda latino-americana tende a se unir contra a prática de lawfare americana, praticada contra ela, e iniciar contra os Estados Unidos luta conjunta para dar grito de independência e soberania latino-americana diante da ditadura política e ideológica implantada pela Doutrina Monroe.

Desde 1823, os países latino-americanos são considerados por Washington o seu quintal político preferido, agora sob a tirania da financeirização econômica neoliberal global.

Lula, como Cristina, são vítimas de um mesmo processo histórico, por representar a resistência ao imperialismo americano contra a libertação econômica e unidade latino-americana de luta.

O império utilizou seu sistema jurisdicional, conferindo-lhe, imperialmente, validade global impositiva, para expedir sanções econômicas aos líderes latino-americanos que lutam pela independência e soberania continental.

Lula enfrentou o imperialismo em 2022 para ser candidato presidencial: agora, em 2025, Cristina Kirchner cumpre o mesmo roteiro: está presa com tornozeleira em seu apartamento em Buenos Aires, para cumprir pena de seis anos, determinada pelo judiciário portenho, sucursal do judiciário americano.

A lei do império se estende à periferia capitalista dominada.

 MEDO DA DEMOCRACIA - O império teme que, tanto Cristina Kirchner, como Lula, tenham a preferência popular, para ganhar as próximas eleições no Brasil e na Argentina; a direita fascista de Miley e Bolsonaro e seus aliados no Brasil, desgastados politicamente pelo neoliberalismo, tentam o golpe, com apoio de Washington.

A mobilização popular na Argentina vai, portanto, se ampliar com o apoio presidencial de Lula, cujas consequências tenderão a refletir fortemente no Brasil, dadas as circunstâncias políticas semelhantes que ameaçam a sobrevivência política democrática nos dois países.

A luta é a mesma: Lula disse que a prioridade é derrotar a direita nas urnas, no próximo ano; Cristina Kirchner lançou seu grito de guerra: “Voltaremos”; milhares de pessoas encheram as ruas.

O fôlego do neoliberalismo está perdendo vigor diante da crise capitalista, desencadeada por Donald Trump, nos Estados Unidos.

Os países ricos estão profundamente divididos e desconfiam de Trump que os descartou com a guerra tarifária. 

DIREITA QUER A CHINA - A direita, nesse cenário, prefere a China, que é a maior cliente dos seus produtos.

Estranhamente, a direita é obrigada a apoiar a esquerda, que tem voto, como é o caso de Lula e Kirchner, porque ficar ao lado da política de Trump não dá voto, na periferia do capitalismo.

Brasil e Argentina, do ponto de vista geopolítico, é uma extensão territorial que condiciona a irmandade latino-americana maior, espiritual.

Por isso é que Bolívar anteviu a união na Pátria Grande, condicionada e circunstanciada, por ambos, argentinos e brasileiros, na construção de uma estrutura política unificada pelo próprio território latino-americano.

Não à toa que os imperialistas cuidaram, historicamente, de dividir o continente e condenar a proposição constitucional latino-americana de integração econômica como fator de soberania e independência.

Dividir para governar.

União Cristina-Lula é o oposto.

Os Estados Unidos tomaram da Inglaterra, no início do século 20, em 1823, a bandeira imperialista da Doutrina Monroe.

Os ingleses transferiram, por meio do presidente Monroe, dos Estados Unidos, o direito imperialista consuetudinário, de assumir o império inglês transferido ao império americano, a vigorar durante século 20 e 21, etc.

A fragilidade imperialista americana no início do século 21, diante do multilateralismo, multiplica o esforço de Donald Trump de tomar conta do mundo, especialmente, da América Latina.

Monroe foi o presidente americano que criou essa geopolítica imperial que impede a independência soberana da América do Sul.

 ALIANÇA LULA-AGRONEGÓCIO-CHINA - O presidente Lula, pragmaticamente, está, agora, ao lado dos interesses do agronegócio, que, ele mesmo, disse ser o negócio mais importante para a economia nacional.

O Brasil voltou, com o neoliberalismo, à condição de colônia exportadora de commodities, sem valor agregado, desindustrializante.

São os representantes do agronegócio que barram os projetos políticos de Lula no Congresso.

Nesse momento, a superação das contradições entre o governo e o agronegócio pode ser a opção de Lula pelo agro, que passa, em contrapartida, a apoiá-lo, no Congresso, sob as bençãos da China.

O agronegócio brasileiro passa a ser o maior inimigo dos Estados Unidos, porque a prioridade econômica absoluta dele é a China.

Está em cena a contradição China-Estados Unidos acentuada pelo interesse do agronegócio brasileiro de priorizar o mercado chinês.

Se Lula está ao lado do interesse da China, no plano geopolítico econômico e político estratégico, e o agro sintoniza-se com essa demanda política e econômica bilateral, Brasil-China, logo Lula e o agronegócio estão aliados do mesmo lado.

Nesse cenário, a aproximação Brasil-Argentina, que será desenhada por Lula e Cristina Kirchner, em Buenos Aires, em pé de guerra  geopolítica, fomenta o grito latino-americano de independência e soberania diante da Doutrina Monroe, reverberando em todo o mundo.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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