Lula deu aula de humanismo na França
Presidente do Brasil carrega histórico político coerente e a sua comoção por Gaza foi verdadeira. Ele impôs desconforto ao universo político
O que aconteceu de mais importante durante a passagem do presidente do Brasil pela França? O fato de ele ter sido agraciado com o título de doutor honoris causa pela requintada Universidade Paris 8, sendo o segundo brasileiro a receber tal honraria? A resposta é não! O fato de Lula ter dedicado boa parte de seu tempo para trocar afagos e cortesias com Emmanuel Macron, presidente da França, sob as luzes verde e amarela da Torre Eiffel? A resposta é não! A comemoração dos duzentos anos de amizade entre os dois países ou as discussões a respeito do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul ou, ainda, a defesa pública do meio ambiente. A resposta é não! O fato de o presidente Lula ter falado com todas as letras, sem deixar dúvidas, sobre o genocídio do povo palestino foi o que ocorreu de mais relevante em Paris. Nesse caso, vale lembrar que esse momento específico de Lula foi divulgado parca e porcamente pela grande imprensa brasileira, como, aliás, é de praxe. Sendo Lula quem é, o tratamento que a imprensa tem oferecido ao presidente da Nação e ao fato em si, é lastimável, antijornalístico. Lula disse tudo como deveria ser dito. Lula está certo em todos os aspectos e a sua emoção misturada a indignação ao falar sobre os palestinos foi genuína, verdadeira e revolucionária. Quando disse, “o dia em que eu perder a capacidade de me indignar, não serei digno de ser presidente do Brasil”, ensinou em poucas palavras o que é humanidade.
E por que esse foi o fato principal da estadia de Lula, em Paris? Porque trata-se do assunto mais relevante do século XXI. E por qual motivo Gaza é o tema mais importante do século que corre? Resposta: devido ao tamanho e forma do morticínio. Os números fornecidos pela Organização das Nações Unidas e outras diversas instituições e organizações que defendem os direitos humanos são irrefutáveis. Em outras palavras, não há autoridade política ou jornalista em todo o mundo que não saiba ou que tenha dúvidas sobre o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Mais: qualquer pessoa que tenha acesso às redes sociais pode ver em detalhes a terrível situação dos palestinos. Devido à Internet, todo esforço da grande imprensa global não foi capaz de negar o óbvio. O presidente Lula, portanto, fez apenas o que é correto fazer. Suas declarações impõe a seus colegas europeus, ação. Eles têm de tomar atitudes firmes que imponham cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. Mesmo que agora isso seja mais difícil. Políticos de todo o mundo tem de se unir e arrumar um jeito de parar o massacre contra os palestinos. Ou seja, quem tem poder tem de por as mãos na consciência, como fez Lula! Agora, o que se espera é que o rosto e as palavras do presidente Lula fiquem em suas mentes diariamente como os seus smartphones estão em suas mãos. O estadista latino-americano colocou outros líderes em situação de desconforto, uma grande saia justa.
Em todo o mundo, inúmeros presidentes, primeiros-ministros, políticos em geral, terão de enfrentar as próximas gerações que certamente irão cobrar responsabilidades morais e de Justiça de Transição, “por que você não fez nada contra a morte contínua e indiscriminada de palestinos?”. Quando esse momento chegar, a postura do presidente Lula estará entre aqueles que se posicionaram contra a barbárie. Nesse sentido, Lula e outros líderes como ele terão muito trabalho pela paz, pois os artífices da guerra não a querem. No mais, todas as outras coisas em discussão em Paris, tiveram, tem e terão a sua relevância, por óbvio. Mas o que ocorre em Gaza e a falta de sensibilidade e comiseração de líderes políticos, jamais será esquecida.
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