Kobori volta ao mercado financeiro, com banco de esquerda e operadora de cartão de crédito chinesa
A UnionPay começa a operar no Brasil em agosto, informou o empresário durante a 27a. Conferência Nacional dos Bancários da Bahia e Sergipe
Ao participar da 27a. Conferência dos Bancários da Bahia e de Sergipe, o professor de finanças e empresário José Kobori anunciou o mais recente projeto de que participa. Como conselheiro do Left Bank, ele ajudou a trazer para o mercado nacional a UnionPay, que é controlada por capital chinês e concorrente da Visa e Mastercard, marcas controladas por empresas dos EUA..
O projeto começou a ser desenvolvido bem antes de Donald Trump ameaçar retaliar o Brasil, com tarifa de 50% dos produtos brasileiros importados pelos EUA. Mas, obviamente, a entrada de uma concorrente dos cartões de crédito de empresas norte-americanas no mercado braasileiro não deve agradar o governo daquele país.
E daí?
O Brasil não é colônia dos EUA, e um dos princípios do capitalismo é o respeito a um sistema de preços competitivos e trocas voluntárias.
Na prática, não é bem assim. O mercado é usado como instrumento de disputa geopolítica, como costuma afirmar o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química, André Passos, ele próprio cientista social.
Nesse sentido, o Brasil é soberano para buscar parceiros que não representem ameaça ao desenvolvimento econômico.
O artigo 219 da Constituição estabelece que o “mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos da lei federal".
Kobori é um renomado professor, investidor e consultor financeiro brasileiro. Formado em Marketing pela Unicesp, com pós-graduações na FGV e no IBMEC, atuou por 10 anos como professor de finanças em MBA e atualmente dirige a JK Global Partners, empresa de assessoria em fusões & aquisições.
A entrada da UnionPay no mercado brasileiro é fruto de uma parceria com a fintech nacional Left (Liberdade Econômica em Fintech), responsável pela emissão de cartões e pela integração com bancos, maquininhas e sistemas de pagamentos.
Segundo o que declarou durante a Conferência, o novo sistema deve entrar em operação em agosto.
Kobori foi recentemente nomeado para o conselho da Left e reconduzido ao mercado financeiro por considerar que o projeto tinha alinhamento ideológico e impacto social.
“Nunca quis voltar a atuar no mercado financeiro… Mas quando fui conhecer o trabalho da fintech Left, percebi que havia ali um verdadeiro propósito”, disse.
Ele enxerga a chegada da UnionPay ao Brasil como um movimento estratégico de soberania econômica, capaz de reduzir a dependência das bandeiras norte-americanas (Visa e Mastercard) e de sistemas de pagamento como SWIFT.
A UnionPay utiliza o CIPS, sistema chinês que funciona como uma alternativa ao dólar nas transferências internacionais.
Left (esquerda, em inglês) é mais uma marca da conversão ideológica do próprio Kobori. Até ser preso por acusações frágeis, no ambiente da Lava Jato, ele era um liberal, com atuação em bancos e multinacionais, como o América do Sul e a Xerox..
A fintech Left adota um modelo inovador: uma parte da receita gerada pelas transações (como Pix e cartão) é revertida para causas e movimentos sociais, de forma que o usuário pode destinar parte dos seus gastos a entidades como o MST.
Para Kobori, trata-se de um “banco progressista” que vai além da lógica puramente financeira ou comercial — mas busca combinar lucro com mudança social.
A chegada da UnionPay é a expressão da soberania econômica do Brasil.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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