In Fux We Trust: epístola de um juiz abaixo do Equador ao império do Norte

Prezado Uncle Sam,

Espero que esta missiva encontre-o em pleno gozo de vossa saúde e exercício total de todas vossas faculdades. Com prazer inenarrável venho trazer novidades daqui dos trópicos, reafirmando que há juízes abaixo da linha do Equador, que sempre defenderão a liberdade do mundo novo. 

Embora um tanto exaurido do exercício hercúleo a que me dediquei no dia de ontem, de remar contra a fortíssima maré que assola estas plagas tupiniquins em defesa de uma democracia que não consegue mais conviver com a liberdade de expressão e com o amor incondicional a outro território imperial, expresso meu orgulho em ter cumprido minha missão. 

Demonstrei, de forma inequívoca, de maneira cabal, inquestionável e inquebrável, desmontei cada argumento falacioso, um por um dos subterfúgios utilizados pelos inimigos da pátria, de que possa ter havido qualquer intenção criminosa praticada contra o estado democrático de direito nos Estados Unidos do Brazil. Não sobrou pedra sobre pedra da peça chula e genérica do parquet. Investido da coragem dos que entram para a história, enfrentei meus adversários de turma, altivamente. Suportei deboches, mas jamais permitirei que injustiças sejam praticadas perante meus olhos. 

Uncle Sam, aqui está um homem honrado. Que ostenta com orgulho estes autênticos fios grisalhos, testemunhas de tantas lutas já travadas em defesa dos interesses do norte. Nada menos do que a absolvição é o que se espera de todos aqueles que não cometem crimes. E assim procedi. Exceto para os deduradores, para os traidores. Estes merecem o frio chão das masmorras pela letra implacável da lei. 

Portanto, pelo exposto e preservando vosso valioso tempo imperial, Magnitsky Sam, e também convicto de que uma missão dada jamais deixará de ser cumprida, rogo a manutenção de todos os direitos adquiridos com o livre gozo do sonho americano, incluindo o Mickey, Pateta e o Visa. E Por último, por aqui já é sabido: In Fux we trust. Mas reafirmo: trust me, magnificent. 

Vassalamente, 

Luiz.