Imigrantes venezuelanos enviados para El Salvador denunciam tortura
Enviados pelos EUA sob acusação de vínculos com gangue, homens relatam abuso físico e psicológico na prisão chamada CECOT
Um grupo de imigrantes venezuelanos deportados dos Estados Unidos a El Salvador em março de 2025 está denunciando intensa tortura, abuso físico e psicológico durante os quatro meses em que permaneceram no Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT), uma prisão de segurança máxima em Tecoluca. As denúncias foram obtidas pela emissora NBC News.
Segundo relatos obtidos pela NBC, os deportados teriam sofrido espancamentos que deixaram cortes e contusões pelo corpo, além de abuso psicológico, humilhações, negação de necessidades básicas como acesso a banheiros e alimentação precária. Um dos detentos, identificado como Andry Hernández Romero, relatou ter sido levado à solitária e forçado a praticar atos sexuais sob coerção, afirmando que os funcionários da prisão, com rostos cobertos, o fizeram ajoelhar e se submeter a abusos físicos em uma cela escura.
Os aproximadamente 250 venezuelanos teriam sido enviados por voo dos EUA com o argumento de pertencerem à gangue “Tren de Aragua”, sob a invocação da Lei de Inimigos Extranjeros de 1798, uma legislação raramente utilizada. Contudo, tanto as famílias quanto advogados contestam essas acusações, destacando que a maioria não tinha antecedentes criminais ou acusações formais, e que muitos foram identificados com base em tatuagens ou aparência física.
Após negociações entre os governos dos EUA, El Salvador e Venezuela, os deportados foram libertados em julho por meio de um acordo de troca de prisioneiros. Com o retorno, várias vítimas gravaram depoimentos em vídeo denunciando os abusos sofridos e acusando o governo salvadorenho de violação de direitos humanos. Autoridades venezuelanas anunciaram investigações contra o presidente Nayib Bukele e outros funcionários, citando “tortura sistemática” e tratamento degradante que inclui violência física, sexual, negação de assistência médica e subalimentação.
Os relatos coincidem com denúncias individuais, como a do salvadorenho Kilmar Abrego García, que entrou com ação legal nos EUA alegando espancamento severo, privação de sono, subnutrição e tortura psicológica durante sua permanência na CECOT, evidência de que esses casos não são isolados.
A prisão CECOT, inaugurada em 2023 e com capacidade para até 40 mil detentos, já vinha sendo alvo de críticas por parte de organizações de direitos humanos por suas condições desumanas, incluindo superlotação e luzes fluorescentes 24 horas ao dia.
Em resposta, o governo de El Salvador declarou que atua com estrito respeito aos padrões de segurança e direitos humanos, enquanto o Departamento de Segurança Interna dos EUA atribuiu às autoridades salvadorenhas a responsabilidade pelas denúncias e afirmou que a remoção desses indivíduos foi uma política contra “crimininos perigosos”. Já o governo venezuelano repudiou a deportação como ilegal e classifica os detidos como vítimas de perseguição política.
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