Hugo Motta: aprendiz de feiticeiro
Presidente da Câmara fala como quem administra uma crise contínua
“Não tivemos um ano fácil, foi um ano de muitos desafios, um ano de embates, mas o ano que o Congresso Nacional não faltou ao governo do senhor.” A frase estabelece um limite claro para a relação entre Executivo e Legislativo. Ela não aponta convergência nem compromisso duradouro. Serve apenas para registrar que a convivência institucional não colapsou.
É a partir desse enunciado contido que se pode compreender o personagem político que hoje ocupa o centro do palco. Hugo Motta fala como quem administra uma crise contínua sem admitir o papel que teve na sua formação. O Congresso, segundo ele, cumpriu o mínimo necessário. Nada além disso foi prometido.
A metáfora do Aprendiz de Feiticeiro ajuda a organizar essa leitura. No poema de Johann Wolfgang von Goethe, depois difundido por programas infantis, o aprendiz tem acesso às palavras do feitiço, mas não domina o momento de fazê-lo cessar. O conhecimento operacional existe. A autoridade para controlar seus efeitos, não.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




