Hora de enquadrar Eduardo Bolsonaro
Deputados precisam entender que o Brasil que foi às ruas é o mesmo Brasil que vai às urnas em 2026
O Brasil vive um momento em que a democracia não pode se dar ao luxo da passividade. Eduardo Bolsonaro, deputado federal, tem desdenhado das instituições ao sugerir que um parlamentar pode “trabalhar online” e se ausentar de suas obrigações no Congresso Nacional. Esta postura não é apenas um insulto ao eleitor, mas também uma ameaça ao pacto democrático que exige presença, debate e deliberação pública.
21 de setembro: O Dia em que o Brasil Acordou
O último 21 de setembro ficará marcado como um divisor de águas. De Norte a Sul, o povo brasileiro foi às ruas, lotando praças e avenidas para dar um recado claro ao Congresso Nacional: não à PEC da Blindagem, não à anistia dos golpistas, não ao entreguismo da soberania nacional ao império de Donald Trump.
Em Brasília, milhares se concentraram na Esplanada dos Ministérios; em São Paulo, a Avenida Paulista virou um mar de bandeiras; em Recife, Salvador, Porto Alegre e Belém, o mesmo coro ecoou. Não era apenas uma manifestação: era a reafirmação de que a democracia pertence ao povo e não será rifada por acordos de bastidores.
Hugo Motta: Um Presidente que Precisa se Lembrar do Cargo
No dia seguinte às manifestações, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, “amarelou”. Veio a público dizer que “é preciso mudar a pauta e trazer pontos que interessem ao Brasil”. Ora, se é assim, que comece honrando o recado das ruas!
Não basta falar em mudar pauta, é preciso abandonar a PEC da Blindagem, enterrar de vez qualquer tentativa de anistiar golpistas e colocar em votação projetos que de fato defendam a democracia, a soberania, a reindustrialização, o imposto de renda que é pago pelo povo de renda baixa e que deveria ser pago pelos ricaços, a proteção da Amazônia e dos povos originários, a queda da jornada de trabalho 6x1.
Motta age como se fosse apenas o gestor de uma agenda corporativa. Mas ele é o presidente da Câmara e precisa se portar como tal — representar o interesse público e não os conchavos que tentam proteger políticos que atentaram contra o Estado de Direito.
A Desmoralização do Mandato Parlamentar
Um mandato não é um avatar digital, é a representação real do povo brasileiro no espaço físico onde se decide o futuro do país. Quando um deputado despreza a própria função, o que ele sinaliza é o desprezo pela própria democracia. Deputado que não aparece para votar, que não enfrenta o contraditório, não está apenas faltando ao trabalho, está faltando com o país.
A Força das Urnas e das Ruas
Os deputados precisam entender que o Brasil que foi às ruas é o mesmo Brasil que vai às urnas em 2026. O eleitorado está atento, e quem se esconder atrás de manobras regimentais ou de discursos evasivos será cobrado nas urnas. As ruas já disseram: queremos transparência, queremos responsabilidade, queremos coragem de enfrentar os que atacaram a democracia. Queremos a defesa da soberania. Não queremos quem trai o país em conchavo com o imperialismo estadunidense.
Hora de Mobilização
Ocuparemos as ruas novamente, se preciso for. A sociedade não pode assistir, de braços cruzados, à corrosão de seus instrumentos de representação. É preciso dizer, alto e bom som, que não aceitaremos deputados de “home office” enquanto decisões cruciais precisam ser tomadas em Brasília.
Do Virtual ao Real
O Brasil real exige presença real. Quem não quer debater cara a cara com seus pares deve devolver o mandato e abrir espaço para quem esteja disposto a trabalhar pelo povo, não apenas a fazer lives para sua base radicalizada. A política é feita no corpo a corpo, não no conforto do sofá de uma mansão em Miami.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.