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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Hora da comunicação lulista mostrar quem impede o combate à inflação e acelera a concentração de renda via arrocho salarial

Polícia Federal expõe elo da Faria Lima com a máfia dos combustíveis, revelando quem realmente lucra com a inflação e o arrocho salarial

Sidônio Palmeira e Lula (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Chegou a hora de o presidente Lula convocar, para valer, os talentos do seu assessor de comunicação, Sidônio Palmeira, diante da maior operação da história da Polícia Federal, sob o governo lulista, ao descobrir a vinculação do PCC com a Faria Lima, na tarefa de lavar dinheiro da máfia dos combustíveis. Melhor oportunidade para expor a verdade não se apresentou, até agora, ao governo, para deixar claro à população quem realmente são os inimigos dela: o sistema financeiro, sediado na Faria Lima, e os grandes capitalistas, que expandiram, no caso do mercado de combustíveis, seu poder depois do golpe neoliberal que derrubou, em 2016, a presidenta Dilma.

Com a Petrobras abatida pelo governo golpista-entreguista de Michel Temer, apoiado pelos Estados Unidos, a máfia dos combustíveis avançou na criação do mercado paralelo de distribuição, quebrando a perna da petroleira estatal ao privatizar a BR Distribuidora. Temer deu o pontapé no processo mafioso que juntou empresários e traficantes que, como comprova a PF, serviram-se da Faria Lima como parceira essencial, a fim de lavar dinheiro. A destruição do processo estatal de distribuição prejudica o consumidor, depois que a privatização da BR bombeou a elevação de preços dos combustíveis, graças à política errática de desnacionalização.

Temer e depois Bolsonaro vincularam os reajustes dos preços dos derivados à variação das cotações no mercado internacional, enquanto privatizavam também refinarias para exportar apenas o óleo bruto, sem valor agregado. Acelerou-se, desse modo, a desindustrialização nacional, ao destruir o caráter essencial da Petrobras de ser a puxadora da demanda global via industrialização nacional. Em suma, dolarizaram a distribuição. Como o câmbio, conforme determina o tripé neoliberal, é flutuante, volátil e sujeito ao sabor dos especuladores internos e externos, quem acabou pagando a conta foram os contribuintes, mediante arrocho no seu poder de compra.

Lucro para os mafiosos

A massa de lucro dos mafiosos, produtores de etanol, ao lado dos capitalistas distribuidores paralelos, no processo de distribuição da produção, aumentou extraordinariamente. Isso facilitou a aproximação deles do mercado financeiro para lavar dinheiro. A Faria Lima entrou gostosamente no jogo. Ora, os especuladores de dinheiro, por sua vez, são os principais empecilhos ao desenvolvimento lulista sustentável, por pressionarem em favor do arcabouço neoliberal, o jogo da privatização que elevou incontrolavelmente os preços e os lucros dos traficantes e mafiosos fraudadores, iniciado com Temer, em nome do falso combate à inflação. Avançou-se, dessa forma, na redução sistemática dos gastos sociais para sustentar a prática de juros elevados pelo Banco Central independente. Nunca o adjetivo independente calhou tão bem no BC para caracterizá-lo como dependente do mercado financeiro, para dirigir a política monetária neoliberal.

Ataque à causa da inflação

Consequentemente, avançou, sob controle neoliberal do mercado financeiro, a vinculação antinacionalista dos especuladores da Faria Lima com os mafiosos da distribuição de combustíveis, causadores principais do processo inflacionário que bloqueia a política social lulista de valorização do salário mínimo. Lula, sob pressão da Faria Lima e do Congresso neoliberal, semipresidencialista inconstitucional, dominado pela direita e pela ultradireita, viu sua política desenvolvimentista de valorização do salário mínimo ser comprometida.

Nos seus dois primeiros mandatos, a partir de 2003, Lula adotou salário mínimo reajustado pela inflação, acrescida do crescimento do PIB nos dois anos anteriores. Toda a cadeia salarial se beneficiou pelo efeito multiplicador, elevando o poder de compra nacional. Com o arcabouço neoliberal inaugurado por Temer, tudo se reverteu. Subiu a inflação, puxada pelos combustíveis, manipulados pela máfia dos produtores de etanol, associados aos bandidos da distribuição de combustíveis, cujo dinheiro passa a ser lavado na Faria Lima. Lula, sem apoio no Congresso, rendeu-se à pressão para modificar a política salarial, de modo a adequá-la ao arcabouço fiscal temerista, aos interesses dos especuladores, em nome do falso combate à inflação. Agora, sabe-se, pelo trabalho da PF, que a inflação sobe por causa da especulação dos combustíveis, na associação tripartite de produtores-distribuidores-PCC-lavadores de dinheiro da Faria Lima.

Hora da virada na comunicação social

Cabe, portanto, à comunicação do governo Lula, comandada por Sidônio Palmeira, expor, didaticamente, nas mãos de quem está o verdadeiro controle dos preços e da manipulação dos juros, responsáveis pelo arrocho salarial, em nome do combate à inflação. O processo inflacionário, portanto, expande-se por força não dos gastos sociais, pois, como diz Lula, acertadamente, gasto social é investimento. Não é a valorização do salário mínimo a raiz da inflação, como dizem os neoliberais da Faria Lima, mas a corrupção que tomou conta do processo de distribuição dos combustíveis depois da privatização da Petrobras. A manipulação dos preços dos combustíveis é a causa básica da pressão inflacionária atual, não os salários, sob permanente arrocho, visto que sua valorização sustenta crescimento com melhor distribuição da renda, combatendo a desigualdade e promovendo investimentos. Dessa forma, a Faria Lima, como descobre a batida da PF, está na base do boicote à política econômica, aliando-se aos fraudadores e traficantes do PCC para lavar o dinheiro extraído da população via corrupção sistemática.

Prato cheio

Sidônio dispõe de prato cheio para mostrar ao povo brasileiro, em campanha de esclarecimento popular, quem são os verdadeiros causadores da inflação brasileira, da concentração de renda, do arrocho salarial e da desigualdade social — que leva ao fascismo, destruindo a democracia, como diz a economista Paulani, da USP. Simplesmente, são os mafiosos da produção de etanol, aliados da distribuição paralela de combustíveis, que lavam na Faria Lima o dinheiro do assalto ao bolso do contribuinte. Tudo sob o silêncio do poder midiático conservador, favorável ao arcabouço fiscal que arrocha salários, sistemática e reiteradamente, impedindo o desenvolvimento com justiça social.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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