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Francisco Carlos Teixeira Da Silva

Professor Titular de História Moderna e Contemporânea/UFRJ, professor Emérito da ECEME, professor Titular de Teoria Social/UFJF. Prêmio Jabuti, 2014

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Hoje, Dia Mundial dos Professores

Temos que renovar nossa prontidão para o exercício de nossa profissão e o ânimo de luta! Viva os Professores do Brasil!

Hoje, Dia Mundial dos Professores (Foto: Reuters)

O Dia 15 de outubro foi proclamado pela UNESCO/OIT, em 1994, como "Dia Mundial do Professor", reconhecendo a data  de 15 de outubro de 1966, quando a UNESCO fez na ONU uma resolução de direitos e deveres dos professores, entre eles condições dignas de trabalho, salário condizente, proteção contra perseguição política, o dever de amparar e proteger os seus alunos. O Brasil luta, desde 1932, com o "Manifesto da Escola Nova", liderado pelo Prof. Anísio Teixeira, por uma educação ativa, de qualidade, pública, obrigatória,  laica e emanciparadora. "Ou a Educação é emanciparadora - oferece as condições de libertação das mazelas sociais - ou não é Educacao", afirmava Anísio Teixeira. Nessa direção trabalharam Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Nisia Floresta, Maria Yedda Linhares e muitos outros. A "Escola-Parque", de Anísio Teixeira, e seu Projeto sucessor, os Cieps, foram combatidos por interesses vários, ocultos ou não. Hoje, 29% da população brasileira acima de 15 anos padece de analfabetismo funcional, enquanto entre jovens de 15 até 29 anos o índice cresceu, de 14% em 2018 para 16%, em 2024. O analfabetismo funcional incide sobre a qualidade de vida, de saúde, de trabalho e na possibilidade de se exercer uma cidadania ativa. Outros 5,3% da população brasileira são simplesmente analfabetos. Em alguns estados, como Alagoas, tal índice chega a 14.3% da população. São, ao todo, 9,1 milhões de brasileiros incapazes de ler uma bula de remédio ou um manual de trabalho - ou seja, quase um Portugal inteiro sem saber ler em 2025. "O fracasso da Educação no Brasil é um projeto", dizia Darcy Ribeiro. Um projeto de poder das elites brasileiras. Sofremos hoje perseguição política e religiosa em sala de aula, além de uma violência difusa sempre presente. Os mestres de sociologia, filosofia, história, biologia e geografia são alvos preferidos das agressões em nome da "terra plana", do negacionismo histórico, sanitário e científico e o combate obscurantista contra a Educação sexual e reprodutiva, tudo em nome de uma pretensão "ideologia de gênero".  Em suma, hoje, dia 15 de outubro de 2025, como professores, temos pouco o que comemorar. Temos que renovar nossa prontidão para o exercício de nossa profissão e o ânimo de luta! Viva os Professores do Brasil!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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